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Heróis e bandidos

Leia artigo do jornalista Alexandre Garcia, publicado na edição deste sábado (4) do Jornal do Povo

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04/03/2017 • 10h02
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No fim-de-semana, a Polícia Federal prendeu um delegado da Polícia Federal em Londrina, Paraná. Flagrou o policial repartindo com um intermediário a propina paga por um dono de serviço privado de segurança. Com a propina, não indiciaria o empresário. O preço do delegado: 20 mil reais. Não sei em reais quanto seria a cotação das 30 moedas de prata que Judas teria recebido dos romanos. A Polícia Federal, como instituição, tem sido ciosa de seu nome e tem investigado não apenas os corruptos fora dela como os internos. O famoso “japonês” foi condenado por deixar passar contrabando. Por vender passaporte, teve a sorte de ter a prova anulada, porque não havia quebra judicial de sigilo que justificasse a prova obtida no extrato bancário.

O Conselho Nacional de Justiça tem afastado juízes em punição por atos de improbidade e corrupção, embora a lei proteja os magistrados. Muitos são “punidos” com aposentadoria remunerada. Vez por outra se ouve falar de sentenças e liminares vendidas. O Conselho Nacional do Ministério Público é outro órgão a que compete fiscalizar o cumprimento dos deveres funcionais dos promotores de justiça. Entre esses investigadores, acusadores e julgadores, muitas vezes a falta de caráter os faz sucumbir às tentações das 30 moedas de prata. Não que sejam exceção neste pobre Brasil.

Basta vermos o que acontece quando um caminhão sai da estrada e derrama sua carga. Passantes e vizinhança se locupletam em ladroagem. Um colega meu viu furtarem até uma carga de papel higiênico. Ou saqueiam ônibus acidentado com as vítimas gemendo. O que se viu no Espírito Santo, por falta do guarda da esquina é demonstração de que temos, na verdade, multidões de selvagens, não de cidadãos, com a agravante de que levam título de eleitor no bolso. Assim, não estranhemos que tantos ladrões tenham sido eleitos. Eles têm eleitores.
Na Lava-Jato descobrimos que nos altos picos das empresas privadas e do governo, a corrupção campeia, retirando recursos das empresas estatais, que teoricamente são de todos. Os grandes se corrompem pelo poder; os menores se corrompem porque também querem. Para uns, 30 moedas; para outros, basta uma. É o preço de suas consciências. E a prisão do delegado federal revela, infelizmente, que até entre aqueles que vemos como heróis, há bandidos. É resultado de anos de pregação contra a família, a educação, os valores que nos mantinham.

 

 


*É jornalista e comentarista político.

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