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Pão e circo? Não

Leia o editorial do Jornal do Povo deste sábado

Por Redação
25/02/2017 • 10h53
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Em centenas de cidades espalhadas pelo país do carnaval, muitos prefeitos dedicam esforços e vultuosos recursos financeiros para assegurar a realização da maior festa popular do Brasil. Em muitos municípios o evento além de tradicional, é gerador de emprego, renda e contribuiu para o fortalecimento da cultural local e do turismo. A folia de momo em muitos lugares é considerada uma festa quase sagrada. Mas aqui em Três Lagoas este ano o prefeito adotou uma postura diferente. Em tempos de crise econômica, Angelo Guerreiro decidiu cancelar a festa. Em troca, se comprometeu em investir os recursos na estruturação da saúde pública utilizada pelo cidadão. Recebeu apoio popular. Não vimos nenhuma manifestação contra a medida. Os sambistas não gostaram, o que é natural, mas compreenderam.

O cancelamento do carnaval e dos desfiles das escolas de samba em Três Lagoas não provocou grandes alterações na vida do folião nem na rotina da cidade. Mas essa normalidade tem algumas explicações: o cidadão que vive aqui compreende a difícil situação econômica que o país atravessa e por aqui, o carnaval não é uma festa muito tradicional. Três Lagoas não se tornou conhecida nos últimos anos como uma cidade festeira. O município ganhou destaque e títulos importantes mas em outras áreas. Um desses títulos, o da capital mundial da celulose evidenciou a força econômica, a garra de sua gente e a vocação do município em gerar postos de trabalho e desenvolvimento econômico e social.

Ao abrir mão de realizar uma festa popular, evento público, gerador de votos e de fortalecimento político, a atual gestão evidencia que Três Lagoas tem prioridades diferentes para esse momento. Além disso, o prefeito demonstra coragem e compromisso com sua gestão. Se em muitas cidades festeiras investir em pão e circo ainda rende votos, por aqui a estratégia adotada não é mais a que explora politicamente a emoção coletiva. Pelo menos não está sendo este ano. O que se espera agora é que o prefeito realmente priorize e atue firme para amenizar o sofrimento do cidadão que abre mão de exigir carnaval por acreditar que terá saúde pública de qualidade.

Mas é claro que brincar o carnaval é uma tradição. O próprio prefeito já deve ter se divertido muito. No país do futebol e do samba, dificilmente o brasileiro deita e dorme. Quase sempre temos algum tipo de envolvimento com o ziriguidum provocado pelo balaco-baco provocado pela folia. Apesar de importante para o comércio e para os políticos, a festa de momo não atrai muitos religiosos. Festa profana e popular entre os católicos, é evidente também que o número de seguidores dos blocos carnavalescos vem diminuindo com o passar dos anos. E em 2017 o folião da cidade das águas aceitou trocar o pão e circo de sempre, pela esperança de dias melhores. Pelo menos na saúde.
 

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