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Terror nos presídios e nas cidades

Leia o editorial do Jornal do Povo deste sábado (7)

Por Redação
07/01/2017 • 09h30
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O ano começou com rebelião e mortes violentas nos presídios de São Luiz no Maranhão, quando amotinados mataram mais de cem pessoas de maneira extremamente violenta, revelando o alto grau de periculosidade dos envolvidos. O cenário desta rebelião é o mais do que escabroso e deplorável. As cenas que se tem notícia ganham aspecto de filme de terror.  Não bastasse, essa mesma onda de violência se repetiu nesta semana no presídio de Porto Velho em Rondônia, quando trinta e três presidiários foram assinados no enfrentamento entre as facções criminosas. 

Há anos, o noticiário dá conhecimento da escalada do crime no âmbito dos presídios onde a cada revista encontram-se armas, facas e facões, além de celulares e drogas, todos introduzidos nestes estabelecimentos penais com a conivência de agentes penitenciários corruptos. Diante desta situação de plena falência do sistema prisional, o ambiente nos presídios brasileiros torna-se mais do que assustador. 

Além de revelar a impotência dos organismos estatais em cumprirem o papel que lhes impõe a sociedade na execução de programas de recuperação de pessoas as quais devem ser reinseridas na sociedade para retomarem a normalidade da vida, evidencia-se um crescente agravamento desta situação em consequência da falta de condições de vida digna no cumprimento da pena nos estabelecimentos penais do país, uma vez que todos, sem exceção, encontram-se superlotados. Esse quadro evidencia as baixas condições financeiras de uma considerável parcela de brasileiros lançados compulsoriamente por falta estrutura familiar no mundo do crime. 

Falha a educação, há falta de oportunidade de trabalho e até mesmo o ambiente nocivo onde uma grande legião de jovens acaba ingressando cujas circunstâncias se agravam pelo tráfico de drogas comandado por agentes do crime dentro e fora das penitenciárias, os quais dão ordens sistematicamente para o desenrolar de ações criminosas no assalto a bancos, estouro de caixas eletrônicos, interceptação de caminhões que transportam mercadorias. Sem falar no assalto a ônibus ou nas espetaculares explosões que fazem de estabelecimentos que guardam vultosas importâncias transportadas por carros fortes ou ainda, nas interceptações nas estradas e pontes que registram grandes fluxos para roubar veículos ou pertences daqueles que neles se encontram. 

A vida está banalizada. Matam por um celular, por uma bolsa arrancada dos braços de uma mulher. Atiram pelo prazer de atirar, pouco importando se enlutam uma família cujo pai, mãe, filha ou filho irão deixar com suas ausências uma dor permanente naquele núcleo familiar, seja humilde ou abastado. Mata-se no país, segundo as estatísticas 160 pessoas por dia - mais do que nas guerras do oriente e nos atentados que temos notícia, perpetrados por terroristas religiosos que assombram na atualidade qualquer recanto do planeta. 

Em Portugal, tem-se notícia que morreu no ano passado 160 pessoas envolvidas em conflitos familiares ou pessoais. Aqui no Brasil a morte por ação violenta generalizou-se. No trânsito, seja por imperícia ou embriagues morrem em média 55 mil brasileiros por ano. Infelizmente, vivemos um tempo de medo sem precedentes. Qual pai de família não teme ser surpreendido por desses acontecimentos reportados pela mídia nacional diariamente? O que os nossos governantes têm feito para garantir mais segurança? 

Se voltarmos para o nosso mundo três-lagoense que assinala no ano que findou 21 mortes por assassinato, como nos sentiremos? Ninguém desconhece que o tráfico de drogas é o maior responsável pela criminalidade que a cidade registra. Qual cidadão está livre de ver sua casa arrobada e levado os seus bens e haveres, como eletroeletrônicos, roupas e tantos outros objetos? 

A cidade cresce e verifica-se na mesma proporção que se elevam os índices de criminalidade. Será que os organismos de repressão estão devidamente aparelhados? Temos contingente policial suficiente, assim como viaturas para reprimir a ação dos bandidos? Por mais que o aparelho policial se esforce é certo que não estamos desfrutando de um ambiente seguro que o Estado tem por dever e obrigação proporcionar para cada cidadão que aqui faz desta cidade a sua morada e o seu lugar de trabalho. 

O presídio local também está superlotado. Telefones celulares continuam entrando pela facilitação interna nas celas, além de drogas e facas, embora, a cada revista sejam apreendidos. No 1º DP as celas estão lotadas. O Secretário de Segurança Pública tem que estabelecer e anunciar com clareza um plano de segurança pública para Três Lagoas, cidade que não pode desconhecer pela importância socioeconômica no contexto dos municípios sul mato-grossense. No ano que passou fomos a terceira cidade do país que mais gerou empregos por conta da expansão industrial. Representamos a segunda arrecadação de Mato Grosso do Sul, pois estamos atrás somente de Campo Grande. Portanto, não é justo que recursos financeiros recolhidos a título de mitigação deixem se ser destinados para a execução de obras e melhoria de serviços que o município precisa para adquirir como se vê, vez por outra, viaturas ou outros equipamentos, cujas as aquisições são obrigações constitucionais do Estado em adquiri-las. 

Como é gravíssima  a situação nos presídios brasileiros onde o governo federal reduziu na proporção de 100% para 15% os seus investimentos ao longo dos últimos anos, o fato é que não queremos ver em Três Lagoas agravada a situação carcerária em nem a segurança pública. Chega de ver mais horrores perpetrados pelo mundo do crime.

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