RÁDIOS
Três Lagoas, 25 de abril

"Consciência tranquila é o maior salário que recebi", afirma juiz

Prestes a se aposentar, Odilon de Oliveira, responsável por prender maiores traficantes do país, deve perder proteção depois de 18 anos

Por Sergio Colacino
25/04/2017 • 16h23
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O juiz federal Odilon de Oliveira ministrou, nesta terça-feira (25), no auditório da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), uma palestra para estudantes de Direito da universidade, alunos da rede estadual de ensino e de cursos profissionalizantes jurídicos. Com o tema “missão da família e da escola juntas”, Odilon falou sobre a importância dos estudos, do ambiente familiar e também sobre espiritualidade, que segundo ele, é “uma fonte de riqueza para a vida e para a alma”.

Conhecido nacionalmente por combater o narcotráfico e a corrupção em Mato Grosso do Sul, na região da fronteira com o Paraguai, Odilon desenvolve um programa que tem como objetivo afastar as crianças das drogas. “Eu procurei sempre dar exemplo na vida, e o exemplo mais sensível e mais objetivo para as futuras gerações é o da ética. A gente nunca deve mover as mãos ou os olhos sem que haja um direcionamento baseado na ética”, afirma.

Na chegada à universidade, uma cena que é rotina do magistrado há 18 anos. Ao descer do carro blindado, quatro agentes da Polícia Federal fazem sua escolta. Durante toda a palestra, a segurança armada fica em alerta. Tudo porque a “cabeça” do juiz federal custa R$ 2 milhões de reais. Segundo uma investigação da polícia, esse o preço que uma facção criminosa que atua no Rio de Janeiro teria oferecido a quem entregasse Odilon Morto. Entre os 'feitos', o juiz mandou prender o carioca Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e o paranaense Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca - considerado pela Polícia Federal o maior narcotraficante internacional do país.

Essa rotina, no entanto, tem prazo de validade. Até o fim do ano, ele deve se aposentar. Assim que isso acontecer, perde a escolta. Por isso, cogita entrar para a carreira política ou até mesmo sair do país. “Para mim, vale o sossego na consciência. E eu tenho a consciência tranquila no sentido de que procurei cumprir, dentro das limitações do Estado brasileiro, minhas obrigações. Esse é o salário maior que levo para a inatividade. E a esperança de que o Brasil melhore”, finaliza.

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