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Mato Grosso do Sul, 18 de abril

Agentes sintéticos impedem replicação do HIV em células imunes

Resultados sugerem que o sistema imunológico humano pode ser aproveitado para combater a infecção pelo vírus da Aids

Por Redação
03/05/2013 • 10h48
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Pesquisadores da Temple University School of Medicine, nos EUA, descobriram que agentes anti-inflamatórios sintéticos podem atacar o HIV dentro de um dos seus principais esconderijos, células do sistema imunológico conhecidas como macrófagos.

O vírus da AIDS é famoso por se esconder dentro de certos tipos de células, onde se reproduz a um ritmo mais lento e, eventualmente, dá origem a inflamação crônica, apesar da terapia medicamentosa.

Os resultados sugerem que o sistema imunológico humano poderia ser aproveitado para combater a infecção pelo HIV.

Segundo os pesquisadores, a descoberta vem em um momento crucial para a pandemia de HIV / AIDS. "Poderosos coquetéis de drogas antirretrovirais têm permitido que muitos pacientes com HIV vivam mais tempo. Mas viver mais tempo com HIV significa exposição prolongada a baixos níveis de replicação do HIV e inflamação associada", afirma o primeiro autor do estudo Servio H. Ramirez.

No sistema nervoso central, o processo inflamatório é provavelmente a causa da desordem cognitiva associada ao HIV, um espectro de condições que está aumentando novamente após mais de uma década de declínio após o advento da terapia antirretroviral.

Para melhor compreender a relação entre a inflamação e condições neurocognitivas associadas à exposição a longo prazo ao HIV, Ramirez e seus colegas analisaram especificamente o receptor CB2, uma proteína localizada na superfície dos macrófagos.

CB2 é um local de ligação de substâncias chamadas canabinoides, compostos ativos principais da cannabis sativa (maconha), e pode desempenhar um papel no bloqueio de inflamação no sistema nervoso central. Ao contrário de sua contraparte, o receptor CB1, que é encontrado principalmente em neurônios no cérebro, CB2 não media os efeitos psicoativos da cannabis.

Segundo Ramirez, tem havido muito interesse farmacológico em agentes que atacam seletivamente CB2. Idealmente, estes compostos ajudariam a limitar as respostas inflamatórias crônicas e não se ligaria a CB1.

O desenvolvimento de tais medicamentos, no entanto, depende em grande parte de saber quais células abrigam o HIV.

Estudos anteriores sugeriram que as células T, componentes centrais do sistema imune, são reservatórios de HIV. A equipe de Temple, no entanto, optou por se concentrar em macrófagos, que são um tipo de glóbulo branco que engole e destrói agentes estrangeiros.

A equipe acredita que os macrófagos são o principal reservatório para o HIV porque estão entre as primeiras células a serem infectadas após transmissão sexual do vírus, e são encontradas em todos os órgãos do corpo humano e circulam no sangue.

Atualmente, é pensado que os macrófagos podem ser responsáveis pela introdução do HIV no cérebro, em última análise, iniciando a diminuição cognitiva associada ao vírus da Aids.

Os cientistas confirmaram a descoberta por meio de uma série de experiências em um modelo de macrófago com HIV.

Eles trataram as células infectadas com HIV com um dos três compostos sintéticos ativadores de CB2. As células foram então amostradas periodicamente para medir a atividade de uma enzima chamada transcriptase reversa, essencial para a replicação do HIV.

Após sete dias, a equipe descobriu que os três compostos tiveram sucesso em atenuar a replicação do HIV.

Os resultados sugerem que os agonistas seletivos de CB2 poderiam potencialmente ser usados em conjunto com medicamentos antirretrovirais existentes, abrindo portas para a geração de novas drogas terapêuticas para o HIV. Os dados também apoiam a ideia de que o sistema imunológico humano poderia ser aproveitado para combater a infecção pelo HIV.

A equipe planeja realizar estudos de triagem utilizando outro novo agonista de CB2 em paralelo com estudos que podem ajudar a descobrir os eventos moleculares dentro da célula que regulam o efeito de CB2 no HIV.

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