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Mato Grosso do Sul, 26 de abril

Correios: Modelo de monopólio é insustentável, diz presidente

O presidente afirmou que, na última década, a empresa só não registrou deficit no resultado operacional em cinco anos e adiantou que o ano de 2016 deve registrar novo prejuízo

Por Redação
11/05/2017 • 11h32
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O presidente dos Correios, Guilherme Campos, afirmou nesta quinta-feira (11) em audiência pública na Câmara dos Deputados que a situação financeira da empresa ainda é muito delicada. O presidente afirmou que, na última década, a empresa só não registrou deficit no resultado operacional em cinco anos e adiantou que o ano de 2016 deve registrar novo prejuízo.

“A dramaticidade dos números dos Correios é muito forte, nós tivemos em 2015 um prejuízo de R$ 2,1 bilhões. O ano de 2016 não é diferente disso, é um ano onde se coloca mais um prejuízo, o número não está fechado, mas também é da ordem de R$ 2 bilhões” disse.

Os Correios tem cerca de 11 mil agências (entre próprias, comunitárias e franqueadas) instaladas em 5.570 municípios do país. Há 354 anos, a empresa detém o monopólio dos serviços postais do país. Atualmente, os Correios tem 117 mil funcionários, sendo que mais de 60 mil são carteiros.

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Para Campos, a crise nos Correios é decorrente das transformações tecnológicas que alteraram a forma de comunicação e afetaram as empresas do setor em todo o mundo. Ele avaliou que o modelo de monopólio é insustentável e precisa ser modernizado.

Campos voltou a apontar a retirada de mais de R$ 6 bilhões do caixa da empresa para antecipação de dividendos ao Tesouro, entre 2007 e 2013, como uma das causas para o agravamento da dificuldade financeira. E citou ainda a recente greve nacional promovida pelos funcionários entre os dias 26 de abril e 9 de maio. Segundo Campos, a paralisação resultou em prejuízos de pelo menos R$ 6 milhões por dia.

O presidente da estatal elogiou a decisão dos trabalhadores de encerrar a greve nacional e disse que várias ações para minimizar os prejuízos já estão sendo tomadas.

Empregados

No entanto, para o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios, José Rivaldo da Silva, as medidas tomadas pela direção da empresa não são suficientes e seguem na direção da privatização da empresa. O representante dos empregados disse ainda que a decisão de voltar ao trabalho não é um recuo e que os sindicatos querem continuar promovendo ações para discutir formas de retomar o crescimento da empresa.

“Iniciamos o movimento de greve dando um recado de que não vamos pagar essa conta. E paramos a greve porque entendemos que era necessário parar naquele momento, mas não recuamos não. Não queremos discutir retirada de direitos, queremos discutir a retomada do crescimento, a criação de novos serviços e a recuperação da empresa”, disse Rivaldo.

O sindicalista criticou as indicações políticas para cargos de gestão da empresa e a decisão da presidência de suspender as férias dos funcionários e de cancelar serviços como o e-sedex. Rivaldo ainda classificou de assédio o anúncio do programa de demissão voluntária – que deve reduzir o número de funcionários para 113 mil –, e a redução de benefícios como a possibilidade de perda do custeio do plano de saúde pela empresa.

Dieese

O supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Max Leno, também contestou o argumento de deficit apresentado por Campos. O especialista apresentou dados que mostram que entre 2011 e 2016, a despesa e receita total dos Correios cresceram 53,5% e 32,8%, respectivamente.

Leno explicou que a retração dos Correios começou em 2015 com a forte crise que afetou a economia brasileira e a capacidade de investimentos das grandes empresas do país. O economista afirmou ainda que medidas para redução de gastos tiveram maior impacto no deficit registrado em 2015 e que a despesa com pessoal está dentro da média mundial apresentada pelo segmento postal.

A crise da empresa tem sido tema de debate em diferentes comissões na Câmara com a presença de representantes de diferentes sindicatos de trabalhadores, especialistas e integrantes da empresa. O próximo debate deve ocorrer na Comissão de Direitos Humanos.

(Informações da Agência Brasil)

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