Cientistas do Instituto de Pesquisa Biomédica do Texas, nos Estados Unidos, identificaram quatro genes que influenciam os níveis de colesterol "ruim".
A descoberta pode levar ao desenvolvimento de novos medicamentos para reduzir o risco de doença cardíaca.
"Nossas descobertas são importantes porque fornecem novos alvos para o desenvolvimento de medicamentos para reduzir o risco de doença cardíaca em humanos. Uma vez que estes genes foram anteriormente associados ao câncer, nossos resultados sugerem que as causas genéticas da doença cardíaca podem sobrepor-se com as causas de alguns tipos de câncer", afirma a geneticista Laura Cox.
A equipe analisou uma colônia de 1.500 babuínos para encontrar três meio-irmãos com baixos níveis de lipoproteína de baixa densidade (LDL) ou colesterol "ruim" e três meio-irmãos com altos níveis de LDL.
Os animais do estudo foram alimentados com uma dieta rica em colesterol e alto teor de gordura durante sete semanas. Os cientistas então usaram a tecnologia de sequenciamento genético sobre os genes expressos em dois grupos e diferenciaram aqueles nos grupos de baixo LDL e os de LDL elevado.
Eles descobriram que quatro genes (chamados TENC1, ErbB3, ACVR1B e DGKA) influenciam os níveis de LDL. Curiosamente, estes quatro genes fazem parte de uma via de sinalização importante para a sobrevivência das células e a perturbação desta via promove alguns tipos de câncer.
É bem conhecido que um nível elevado de LDL é um importante fator de risco para a doença cardíaca. Apesar dos esforços nos últimos 25 anos para gerenciar os níveis de colesterol através de mudanças no estilo de vida e tratamento com medicamentos, a doença cardíaca continua a ser a principal causa de morte nos Estados Unidos e ao redor do mundo.
A doença cardíaca é um distúrbio complexo que pode ser resultado de interações entre fatores genéticos e ambientais, que ocorrem principalmente por meio de dieta. Para entender por que os seres humanos têm diferentes níveis de LDL e, portanto, a variação no risco de doença cardíaca, os fatores genéticos que provocam estas diferenças precisam ser entendidos.
No entanto, esses estudos são difíceis de serem feitos em seres humanos, porque é praticamente impossível controlar o que as pessoas comem. Em vez disso, os cientistas usaram babuínos, que são semelhantes aos humanos em sua fisiologia e genética, para identificar os genes que influenciam o risco de doença cardíaca.
A nova pesquisa também sugere que conhecer muitos dos genes responsáveis por doenças do coração pode ser necessário para conceber tratamentos eficazes.
O próximo passo na pesquisa é descobrir o mecanismo pelo qual esses genes influenciam o colesterol LDL. "Isso começa a dar-nos as metas específicas para novas terapias. Se tudo correr bem, esta informação pode estar disponível dentro de dois anos", conclui Cox.