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Mato Grosso do Sul, 27 de abril

Mulheres são bem vindas na construção civil

Percentual de mulheres ainda á baixo, mas avançou nos últimos anos

Por Redação
28/09/2012 • 14h13
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A pintora Lídia Souza e Silva, 29 anos, decidiu ingressar na construção civil há cinco anos para sair da aba do marido. “Eu era dependente financeiramente dele e resolvi tomar meu rumo”, lembra. A partir dali, Lídia não parou mais e, hoje, é uma das mais de 300 mulheres que fazem história no setor em Campo Grande, que há poucos anos era dominado por homens.

De acordo com José Abelha Neto, presidente do Sintracom/CG (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria, da Construção e do Mobiliário de Campo Grande), o percentual de mulheres na construção ainda é baixo, mas já representa um avanço em comparação com os anos anteriores. “A mulher ganhou o respeito nesse setor, tanto é que não há mais diferenciação de sexos na hora de contratar”, ressalta.

O presidente do sindicato explica que a mudança que era gradual já toma proporções maiores e as mulheres começam a ser bem recebidas pelas empreiteiras. “Hoje, o serviço das mulheres nos canteiros de obras são mais bem vistos porque elas são mais caprichosas e se atentam bem mais aos detalhes do que os homens”, afirma. Porém, frisa ele, as trabalhadoras também têm se destacado na execução de tarefas mais complexas como operar máquinas pesadas.

Uma pesquisa do Ministério do Trabalho aponta que o aumento da participação das mulheres no mercado formal foi maior do que o dos homens em 2011. Enquanto a mão de obra feminina aumentou 5,93%, a masculina aumentou 4,49%. Em dezembro de 2011, elas representavam 41,90% dos trabalhadores com carteira assinada no País. No entanto, esse aumento ainda não reflete na questão salarial. Até o fim do ano passado, o salário médio recebido pelos homens era de R$ 1.828,90 enquanto o das mulheres R$ 1.393,34.

Na opinião da pintora Lídia, mesmo encontrando as portas abertas na construção civil, as mulheres ainda têm que lidar com o preconceito existente na área. “Ainda nos subestimam, acham que não damos conta de serviços pesados”, constata. “Esse trabalho me torna ainda mais forte, se eu escolhi estar aqui, estou pronta para tudo, porque sei que o negócio é bruto”, dá o aviso.

Em Mato Grosso do Sul, a legislação tenta impulsionar ainda mais a entrada das mulheres no setor da economia que mais cresceu nos últimos anos no Estado. Promulgada em 2010, a lei 4.096, de autoria da deputada Mara Caseiro (PTdoB), propõe a reserva de 5% das vagas de emprego nas construções de obras públicas para as trabalhadoras. A proposta determina que o Poder Executivo faça constar nos editais de licitações de obras públicas e em todos os contratos diretos uma cláusula com a exigência das vagas de emprego para o sexo feminino.

Mãe de três filhos, Cleia Pereira, de 34 anos, entrou para o ramo há quase quatro anos, também como pintora, e considera válido o apoio da legislação. Ela conta que o início, na profissão, foi por uma questão de necessidade, mas assegura que agora já pensa em se qualificar para permanecer no setor. “O espaço está se abrindo. Antes as pessoas enxergavam a mulher como dona de casa que tinha que estar na frente do fogão, mas não é bem assim mais”, destaca.

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