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Mato Grosso do Sul, 25 de abril

Norte do país planeja crescer com o novo mapa do Mercosul

Futura adesão de quatros novos países leva estados a traçar planos de internacionalização para suas empresas

Por Redação
13/05/2013 • 18h45
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Após a entrada da Venezuela no Mercosul, as negociações para a adesão de quatro novos membros está criando alvoroço nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Com o iminente ingresso de Bolívia e Equador, além das adiantadas conversas com Suriname e Guiana, uma nova configuração geográfica do bloco se formará. 

Com isso, essas regiões - distantes dos membros originais, Argentina, Uruguai e Paraguai - esperam ganhar competitividade com o possível fim das barreiras tarifárias com os países do Norte da América do Sul.

O otimismo já se espalhou pelos estados ao Norte do país. No Amazonas, o projeto Manta Manaus, que liga a capital amazonense ao Oceano Pacífico, está atrelado à adesão de novos membros ao bloco e a uma negociação paralela com o Peru. Está prevista também uma estrada que ligará a cidade brasileira a Georgetown, na Guiana, que só sairá com o ingresso do país.

Juliane Simão Mello, Secretária Adjunta de Relações Internacionais do Amazonas, espera por um salto nas importações do estado com a nova geografia política. Até hoje, a Zona Franca de Manaus é responsável pelo abastecimento de motocicletas, televisores e celulares apenas no âmbito nacional. A falta de competitividade logística inviabiliza as exportações, mesmo que seja para países próximos, afirma.

Com a nova malha rodoviária, ainda em projeto, e com o fim das barreiras tarifárias, ela quer inundar os países limítrofes com produtos manauaras. "Somos o principal fabricante de eletrônicos na região. Estes países seriam beneficiados com a compra de nossos produtos, que são mais baratos", argumenta. "Não pensamos apenas em exportar, mas em importar também. Os produtos no mercado interno chegam aqui com um custo altíssimo, enquanto que logo ao nosso lado temos alimentos em abundância que poderiam nos abastecer", complementa.

Enquanto isso, no Maranhão, um plano para aproveitar o novo mapa já está em curso. Paulo Henrique de Abreu Carmo, Superintendente de Comércio da Secretaria de Desenvolvimento, diz que a adesão desses países será determinante para o estado.

"Temos um plano de internacionalização das empresas que estão presentes no Maranhão que passa, necessariamente, pelo fortalecimento do Mercosul", diz o superintendente. 

Bolívia está mais adiantada

O acordo com a Bolívia é o mais adiantado. Falta apenas a aprovação dos congressos dos quatro membros plenos - o quinto membro pleno, o Paraguai, continua suspenso. Já o Equador espera há anos a conclusão das negociações e deve se juntar ao bloco após a Bolívia. Os casos das adesões de Suriname e Guiana são os mais distantes, mas têm causado alvoroço. 

Até fevereiro, quando o Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, anunciou as negociações com os dois países, estava previsto um acordo para transformá-los em membros associados. Isso mudou desde então e querem que ambos sejam membros plenos. 

Ivan Ramalho, Alto Representante Geral do Mercosul, é quem está incumbido de aproximar estes países do bloco. "Nossa meta é concentrar no Mercosul 90% de todo o PIB sulamericano. Com o ingresso da Bolívia, chegaremos próximos de 80%", diz Ramalho. 

As viagens a Georgetown e a Paramaribo (Suriname) são os principais motivos que levam o ex-secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, INdústria e Comércio (Mdic) a acreditar no crescimento político e econômico do bloco. "Estamos criando um novo mapa, além das questões econômicas. Com o ingresso dos países ao Norte, outras regiões passarão a usufruir deste novo momento", conta.

Venezuela está se mexendo

Enquanto quem quer entrar traça planos, quem já está dentro os coloca em prática. O vice-presidente da Câmara Venezuelana Brasileira de Comércio e Indústria, o professor Osvaldo Rovetto Castañeda, afirma que este é um grande momento para seu país. "As empresas estão com novas opções à mesa. Elas estão no lugar certo, na hora certa. A proposta de novos integrantes amplia e engrandece a ideia de integração continental."

No entanto, o professor ressalta que também surgem problemas com a integração comercial. Um deles, notório, aconteceu no ano passado. Sem dinheiro, a Comissão de Administração de Divisas (Cadiv) - órgão venezuelano que faz as transferências monetárias - atrasou o pagamento de exportadores brasileiros. Silenciosamente, o governo brasileiro interveio para que os empresários recebessem, pelo menos, no prazo máximo de 90 dias. 

"Esses empecilhos são parte do crescimento. Como o Brasil teve dificuldades em alguns momentos, a Venezuela está resolvendo novas situações. A tendência de melhora passa pela participação de todos os países", diz Rovetto.

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