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Mato Grosso do Sul, 26 de abril

Operação Monte Carlo faz 1 ano com todos os condenados em liberdade

Ação revelou esquema de exploração de jogos ilegais em Goiás e no DF.

Por Redação
01/03/2013 • 13h12
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A Operação Monte Carlo, que revelou um esquema de exploração de jogos ilegais e corrupção em Goiás e no Distrito Federal, completou um ano. Deflagrada pela Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF) em 29 de fevereiro de 2012, ela trouxe à tona gravações telefônicas que derrubaram um senador da República, abasteceram duas CPIs, uma no Congresso e outra na Assembleia Legislativa de Goiás, causaram mudanças nos comandos da Segurança Pública goiana e levaram à condenação de oito pessoas. No entanto, todos os envolvidos recorreram da sentença e aguardam em liberdade.

Autores da denúncia que resultou na condenação do que chamam de “cúpula da quadrilha”, os procuradores da República Daniel de Resende Salgado e Lea Batista de Oliveira concederam entrevista ao G1 nesta semana. Eles fizeram um balanço positivo do trabalho que, segundo a dupla, desarticulou o esquema comandado pelo empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. No entanto, admitem que o contraventor dificilmente voltará à prisão e lamentam dois pontos: não terem atingido a parte financeira do grupo e a tolerância de setores da Justiça com o crime de colarinho branco.

Para o procurador Daniel Salgado, a sociedade não percebe esse tipo de crime como grave. “ O MPF conseguiu levantar o véu de uma realidade extremamente complexa. Alguns setores da Justiça criminal ainda têm uma percepção leniente do colarinho branco. Nosso trabalho é tentar convencer esses setores e a sociedade que esses crimes são tão graves quanto os outros", argumenta.

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Os procuradores sustentam que o grupo de Cachoeira foi desmantelado, mas não totalmente desarticulado. “Nos ressentimos dos vazamentos de informação, de setores onde não esperávamos. Por causa deles, tivemos que antecipar a operação, e, por isso, não conseguimos levar a investigação até a parte financeira, que é a espinha dorsal”, explicou Daniel Salgado.

Eles não descartam a possibilidade da atividade ilegal se encontrar em plena ação, mas com novas formas de atuação: "O mercado espúrio dos jogos é rentável e não temos notícias de redistribuição ou tomadas de pontos de exploração". Além do lucro, outro ponto forte que, segundo Daniel Salgado, demonstra a união do grupo é o silêncio orquestrado. "São próprias de grupos criminosos com parâmetro mafioso atitudes de proteção mútua por meio do silêncio", diz o procurador.

No início da Operação Monte Carlo, 31 pessoas foram presas, em quatro estados e no Distrito Federal, suspeitas de ligação com o esquema de Carlinhos Cachoeira, entre elas, o próprio contraventor, que chegou a ficar encarcerado por quase noves meses.

Dos 80 denunciados, somente Cachoeira e mais sete foram condenados, por crimes de quadrilha, corrupção ativa, violação de sigilo funcional, advocacia administrativa, peculato e furto. São eles: Lenine Araújo, a 24 anos e 4 meses de prisão; José Olímpio Queiroga Neto, a 23 anos e 4 meses; Idalberto Matias, o Dadá, a 19 anos e três meses; Geovani Pereira da Silva, a 13 anos e 4 meses; Raimundo Queiroga, a 12 anos e 8 meses; Gleyb Ferreira da Cruz, a 7 anos e 8 meses; e Wladimir Garcêz, a 7 anos. Todos ganharam o direito de recorrer da setença em liberdade.

Condenação final
Para o procurador, dificilmente Carlinhos Cachoeira irá para a prisão novamente, “a menos que aparece algum fato novo”. Condenado a 39 anos e 8 meses de prisão, o contraventor ainda pode recorrer em três instâncias da decisão proferida pelo juiz da 11ª Vara Criminal, Alderico Rocha Santos.

Daniel Salgado demonstra esperança em uma condenação final. “Nosso trabalho foi desenvolvido em parceria com a Polícia Federal, da forma mais técnica possível. É uma investigação robusta, com provas e que serviu de alicerce para uma condenação que, nós acreditamos, será mantida em instâncias superiores”, defende.

 

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