RÁDIOS
Mato Grosso do Sul, 25 de abril

Policiais militares param e ficam dentro dos quartéis

Sem acordo com o governo do Estado, policiais militares deflagram paralisação. Greve compromete policiamento.

Por Arquivo/JP
21/05/2013 • 09h39
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Sem acordo com o governo estadual, cabos e soldados da Polícia Militar anunciaram início de aquartelamento para esta terça-feira.

Conforme o sindicalista, Ramão Ribeiro Massena, a decisão foi tomada em assembleia geral promovida pela classe na manhã de ontem, no auditório da Federação dos Trabalhadores da Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems).

O evento, que se estendeu até o fim da tarde de ontem e que reuniu mais de 500 policiais, foi dividido em duas etapas. Pela manhã, uma comissão composta pelo presidente da Associação de Cabos e Soldados de Mato Grosso do Sul, Edmar Soares da Silva, e outros sete sindicalistas participaram de reunião com o governador André Puccinelli.

No encontro, a classe apresentou duas novas propostas de reajuste. Na primeira, segundo Massena, a classe pediu que o salário inicial de um soldado equivalesse a 17% de um salário de um coronel, o que corresponderia a R$ 2,7 mil, e para que chegasse a 20% do salário do cargo mais alto da instituição militar em 2014. Já a segunda proposta, seria de 15% do salário de um coronel neste ano e 20% em 2014. “Em resposta, o governador informou que não tinha como atender a nenhuma das propostas e manteve a contraproposta do governo do Estado, que seria de 7% de aumento neste ano, 9% em 2014 e 19% em 2015. Ou seja, não houve aumento, pois ele apenas antecipou o reajuste de 2015 para o ano que vem”, disse Massena, um dos membros da comitiva. Atualmente, o piso salarial de um soldado da Polícia Militar está em torno de R$ 2,2 mil, bruto.

Após a reunião, uma nova assembleia foi realizada com os cabos e soldados. Nela, a proposta do governador foi votada e, pela maioria, a classe decidiu pelo aquartelamento – sistema de paralisação em que o militar permanece nos quartéis, já que a PM é proibida de fazer greve.

Segundo Massena, em todo o Estado, os cabos e soldados da PM darão início ao sistema de aquartelamento às 8h de hoje. Em Campo Grande, a classe foi convidada para uma mobilização que acontecerá na Assembleia Legislativa. Já no interior, a orientação é para que se permaneça nos quartéis.
Caso se concretize, a paralisação irá afetar o serviço de policiamento nas ruas de Três Lagoas, assim como em outras regiões do Estado. “Aproximadamente 40 policiais de Três Lagoas participaram da assembleia hoje [ontem], em Campo Grande. Isso leva a crer, também pela experiência em outros aquartelamentos, que a participação do efetivo local será intensa”.

De acordo com sindicalista, os casos mais recentes de aquartelamento deflagrados por policiais militares aconteceram nos anos de 1997 e 2000. Nos dois casos, houve a participação de cabos e soldados do 2º Batalhão da Polícia Militar, em Três Lagoas.

A Associação de Cabos e Soldados, no entanto, não soube informar se haverá a participação de bombeiros militares na paralisação. Embora a classe também seja beneficiada pelos reajustes salariais, Massena explicou que, atualmente, o Corpo de Bombeiros tem caminhado para a criação de uma associação própria.
Até o fechamento desta edição, o comando geral da PM ainda não havia se pronunciado sobre a decisão. A estimativa é de que cerca de quatro mil policiais militares cruzem os braços.

MANIFESTAÇÃO

No último sábado, policiais civis e militares participaram, na capital, de passeata por melhores salários. O evento, conforme divulgado na imprensa de Campo Grande, contou com a participação de mais de 500 pessoas. Entretanto, a maioria delas faz parte da Polícia Civil.

Hoje, a greve dos policiais civis completa cinco dias em Mato Grosso do Sul. Em nota oficial, a instituição afirma que apenas 150 policiais ingressaram no movimento grevista. Em resposta, o Sindicato dos Policiais Civil informou que a greve não teve adesão em apenas dois municípios, Coxim e Três Lagoas.

No restante do Estado, onde houve adesão, os plantonistas registram apenas crimes de homicídio, estupro, violência doméstica e violência contra criança e adolescente.
A diretoria do Sinpol informou que estaria em Três Lagoas nesta semana para conversar diretamente com os policiais que não aderiram ao movimento.

Em reunião realizada na governadoria, Puccinelli propôs à diretoria do Sinpol adiantar o reajuste de maio de 2015 já para este ano. Com isso, o percentual de 12% que viria daqui a dois anos seria válido a partir de maio de 2014. A proposta foi apresentada em assembleia realizada no início da tarde de ontem e não havia se encerrado até o fechamento desta edição.

Em nota, a diretoria do Sinpol também convocou a classe para acompanhar a votação do projeto de lei que concede os reajustes à classe, na Assembleia Legislativa.

A greve dos policiais civis foi considerada ilegal pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

 

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