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Campo Grande, 24 de abril

Federação diz sim, mas TJD de MS diz não para volta do Estadual

FFMS planeja volta do estadual, mas presidente do TJD/MS afirma que sem novo julgamento do Corumbaense a competição não pode ser retomada

Por Isabelly Melo
30/04/2020 • 14h03
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Após videoconferência entre a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e os presidentes das federações estaduais de futebol a Federação de Futebol do Mato Grosso do Sul (FFMS), presidida por Francisco Cezário de Oliveira, anunciou o início de medidas para a retomada do Campeonato Estadual de Futebol Série A 2020.

Reunião entre a CBF, diretoria da FFMS e de clubes do Estado

Durante a reunião, o presidente da CBF, Rogério Cabloco, delineou alguns pontos para a volta do futebol no Brasil e recomendou algumas ações que as filiadas devem tomar para o reinício das atividades a partir de 17 de maio.

Em Mato Grosso do Sul, de acordo com o vice-presidente da FFMS, Marco Antonio Tavares, a primeira medida é entrar em contato com as autoridades de saúde tanto no âmbito municipal, como estadual. “Nos reuniremos com o Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e ainda com o Ministério Público Estadual”, disse Tavares.

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De acordo com o que o vice-presidente disse à Rádio CBN Campo Grande, somente após todas essas posições será possível estabelecer um novo calendário para as disputas, que serão retomadas a partir das quartas de final. Além disso, a Federação deverá ouvir os clubes classificados para que eles apresentem propostas para a volta dos jogos.

A ideia é de que os treinamentos sejam retomados a partir do dia quatro de maio, com 15 dias de pré-temporada, sendo que as Federações deverão iniciar jogos com portões fechado, ou seja, sem a presença de público. “Estamos vendo a possibilidade de fazer os testes nos jogadores, para a covid, e também na comissão técnica, nos árbitros, no pessoal que vai participar”, pontuou Tavares.

Jogadores

Apesar do planejamento e cuidado com as medias de segurança, um ponto pode atrasar e forçar a retomada do estadual somente para junho deste ano; o retorno dos atletas. Segundo Marco Antonio Tavares, alguns jogadores estão em outros Estados e não conseguem voltar imediatamente para Mato Grosso do Sul. “Acho que isso só vai ser possível a partir de junho, porque a gente vai demandar um certo tempo para se organizar, e os clubes trazerem os jogadores de volta. Tem jogador que só consegue vir de avião, tem Estado, igual Santa Catarina, que está fechado. Então tem várias coisas que a gente tem que articular”, esclareceu o vice-presidente.

Segundo Tavares os pagamentos dos atletas estão em dia, sendo que o único mês pendente é abril, “Nós temos o relatório das equipes e todas pagaram. Os jogadores saíram daqui com os salários em dia. Em síntese o que está pendente é só o mês de abril, por eles estarem em casa, não terem trabalhado, e cada clube vai fazer um acerto pessoal com cada jogador”, esclareceu Tavares.

Extra campo

A pandemia da covid-19 não é o único fator extra campo que pesa na volta do campeonato ainda no primeiro semestre deste ano. A indecisão em relação aos times classificados para as quartas de final, que é de onde o Estadual será retomado, inviabiliza o retorno das partidas, segundo o presidente do Tribunal de Justiça Desportiva de Mato Grosso do Sul (TJD/MS), Patrick Hernands.

Vandinho, lateral esquerdo do Corumbaense Foto: Leonardo Cabral

Na primeira decisão do TJD o Coumbaense foi penalizado com -16 pontos mais R$500 de multa pela escalação irregular do lateral esquerdo Vandinho, resultado que colocou a equipe de Corumbá na lanterna do Estadual, enquanto a Pontaporanense seria, até então, classificada para a próxima fase. Porém, em segundo julgamento a penalidade foi reduzida para -3 pontos mais os mesmos R$500 de multa, mantendo assim o Corumbaense na zona de classificação e rebaixando a Pontaporanense.

A última decisão não foi aceita, e o procurador do caso recorreu da penalização pedindo um novo julgamento, para que fosse mantida a penalização inicial; menos 16 pontos para o Galo Carijó, que voltaria a sair da zona de classificação. O terceiro julgamento estava previsto para março, o que não aconteceu devido a pandemia do novo coronavírus.

Inicialmente, de acordo com Patrick, a ideia era então agilizar o processo e retomar as atividades do julgamento a distância, em julgamento fechado, com a presença somente de pessoas essenciais, como advogados, promotores, clubes envolvidos etc, e divulgar o resultado virtualmente, por transmissão em plataformas de vídeo.

Porém, o presidente do TDJ relatou a CBN Campo Grande que esse modelo seria arriscado, visto que, segundo Hernands, a integridade do tribunal estaria ameaça. “Esse julgamento tomou proporções muito maiores do que a gente imaginou. Já teve tanto questionamento, até da índole do tribunal, então seria uma imprudência minha fazer um julgamento assim (somente para os envolvidos, sem público, imprensa, etc). Então eu vou esperar as coisas se normalizarem, para fazer um julgamento aberto”, desabafou o presidente.

Até o momento, de acordo com o presidente do TDJ, a Federação de Futebol não entrou em contato com o Tribunal para alinhar a retomada do campeonato, “Cesário não me procurou, eu estou sabendo disso pela imprensa”. Patrick disse ainda que, caso seja oficialmente informado, ele terá de suspender a disputa, pois com a indecisão em relação ao oitavo classificado (Corumbaense ou Pontaporanense) não será possível dar início às quartas de final do Estadual 2020. “A resposta objetiva é que não vai voltar. Não pode voltar enquanto não resolver essa questão no tribunal. Então o Cesário deve me procurar antes de oficializar o retorno do campeonato.”, afirmou Patrick.

Mais uma pedra no caminho

Além disso, caso a decisão do julgamento do Corumbaense passe de junho o Estadual sofrerá com mais um possível atraso devido ao ano eleitoral para o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), que determinou que todo os tribunais regionais sigam o cronograma nacional, que conta com eleições para a nova diretoria em julho.

Assim, dois auditores da FFMS, dois auditores dos clubes, dois auditores da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), um auditor dos árbitros e dois auditores dos atletas devem nomear/indicar a diretoria, para que o pleno decida a eleição do presidente “Espero que até lá a gente já tenha julgado esse caso do Corumbaense, se não, vamos ter que resolver essa questão de composição do tribunal, para depois o do Corumbaense”, esclareceu Patrick.

Outras competições

Além do Estadual Série A, que é a competição mais importante de Mato Grosso do Sul, o calendário do futebol estadual conta ainda com as disputas das categorias de base, o futebol feminino e o Estadual Série B.

Equipe feminina Moreninhas  Foto: FFMS

Com um cronograma “folgado”, o vice-presidente da Federação de Futebol afirmou estar tranquilo e que será possível articular todas as disputas neste ano. “Nós vamos ter o que a gente previa no calendário, até por conta de que as categorias de base não demandam tanto recurso como o profissional”, disse Tavares.

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