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Campo Grande, 23 de abril

Mais de 5 mil indígenas foram infectados e 86 morreram por Covid-19 em MS

Resultado foi obtido até 15 de abril, no monitoramento feito por mestrando da UEMS

Por Giovanna Dauzacker
19/04/2021 • 15h35
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Mais de 5 mil indígenas foram infectados pela Covid-19 e 86 morreram em decorrência da doença em aldeias de Mato Grosso do Sul até o dia 15 de abril, segundo o monitoramento feito pelo mestrando em Recursos Naturais da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Gledson Martins, da etnia Guarani-Nãndeva da aldeia Porto Lindo, do município de Japorã.

O trabalho é desenvolvido com base nos dados divulgados pelo boletim da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) e mostra que a maioria dos óbitos ocorreram em Dourados, Aquidauana, Miranda, Sidrolândia e Campo Grande. Entre as etnias, as mais atingidas, segundo a pesquisa, foram guaranis, kaiowás e terenas.

Segundo o mestrando, um dos fatores apontados como agravante dos casos de Covid-19 nas aldeias é a distância entre os centros urbanos.

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 “Nesse mês de abril é possível observar intervalos maiores (em dias) entre o registro de novos casos e óbitos sobre os indígenas. Apesar disso, todos os cuidados básicos ainda devem ser exercidos, pois existe grande possibilidade de haver explosão de novos casos. Ainda não foram imunizados 100% da população indígena no Estado. Nesse sentido, a proximidade de algumas aldeias indígenas de centros urbanos como o caso de Dourados é um dos fatores que mais agravam a situação dos povos indígenas”, explica.

Quanto ao trabalho desenvolvido, Gledson ressalta que é um dever social e que sua contribuição é uma pequena parcela do investimento que toda a população brasileira realiza no ensino superior e pós-graduação de instituições públicas.

“Especificamente para os povos indígenas, é um retorno significativo de minha parte à lutas que muitos, na maioria dos casos, ainda analfabetos, buscaram conquistar. Meu trabalho contribui inicialmente no registro histórico da situação diária que os povos indígenas enfrentam. Com o monitoramento ainda podemos estudar a propagação do vírus desde o início dos primeiros casos afim de propor medidas de controle para os gestores locais, bem como as lideranças indígenas, líderes municipais, estaduais e federal”, destaca.

Além do importante papel que cumpre pela sociedade, o estudante será o primeiro mestre da família, que já conta com outros membros cursando o ensino superior. “Combater a desigualdade intelectual é meu objetivo, por isso também tenho meus grupos de estudos para apoiar vestibulandos. Essa é parte prazerosa. A parte cansativa é de conhecimento de todos, são os desafios físicos, mentais e até mesmo minha relação com os governantes que gerenciam a educação brasileira que desgastam meu psicológico”, conclui.

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