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Campo Grande, 25 de abril

Pandemia intensificou relação emocional com a comida, diz nutricionista

Segundo pesquisa, 55% dos entrevistados estão comendo mais durante a pandemia e 44% com menos qualidade

Por Isabelly Melo
07/10/2020 • 12h28
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A pandemia mudou a forma das pessoas se alimentarem, seja para aqueles que agora tem tempo de cozinhar e optar por refeições mais saudáveis, ou para quem está recorrendo aos deliverys e alimentações pré-prontas.

E é aí que mora o perigo, isso porque segundo levantamento da revista 'Research, Society and Development' feito no Brasil e publicado em junho deste ano, 55% dos entrevistados estão comendo mais durante a pandemia e 44% com menos qualidade. A pesquisa aponta ainda que mais da metade (54%) das pessoas que ficaram em isolamento social, em algum momento da pandemia, ganharam peso.

Beatriz Camargo, nutricionista (@nutribeatrizcamargo)

Além da facilidade trazida pelos aplicativos de delivery, problemas como a ansiedade podem influenciar negativamente na relação com a alimentação, como explica a nutricionista, especializada em nutrição comportamental, Beatriz Camargo, “Junto com a questão da ansiedade, a pandemia mudou muito o comportamento alimentar ansioso, que é o comer emocional: quando a gente quer aliviar uma emoção ou um sentimento com comida.”

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A ideia de comer mal, segundo Beatriz, pode ter vários sentidos, como comer exageradamente ou optar por comidas muito gordurosas e pouco nutritivas, por exemplo. Durante a pandemia a nutricionista identificou pacientes com diferentes problemas relacionados a alimentação, mas, no geral, os problemas desencadearam ou foram agravados pela nova rotina: alguns deixaram de ter horários fixos para comer ao começar o home office, outros passaram a comer praticamente a dia todo.

Para o psicólogo clínico, Daniel Braga, assim como para a nutricionista, a pandemia intensificou a relação da comida com estado emocional, ou seja, comer porque está feliz, triste, por lembrar de alguém ou de algum momento importante. Além disso, alguns pacientes passaram a desenvolver uma relação esquiva experiencial, ou seja, utilizar a comida como um escape.

“A esquiva experiencial acaba mantendo esses comportamentos alimentares, em alguns casos, por que a pessoa substitui momentaneamente o prazer do alimento pelo sentimento desconfortável que ela está sentindo no momento. A curto prazo resolve, mas a longo prazo esse sentimento que está sendo postergado acaba aumentando de intensidade e sendo muito mais difícil de ser tolerado no futuro”, explicou o psicólogo. 

Daniel Braga, psicólogo (@danielbraga.psico)

Comer, mesmo após sentir saciedade, pode ser um dos sinais de alerta para a canalização de problemas emocionais na comida, explicou Daniel, “A frequência na qual ele é emitido, a intensidade e quanto tempo (a duração) que esse comportamento é emitido. E se isso vai prejudicar o indivíduo na relação com ele mesmo em termos de saúde ou prejudicar a relação dele com as pessoas que ele convive.”

E claro, não há problema em comer doces, fast food e o que mais você sinta vontade, o sinal vermelho acende quando você passa a ingerir qualquer tipo de alimento exageradamente, sem controle e no anseio de mascarar algum sentimento. “Não é que a gente não possa comer por outro motivo que não seja a fome, mas a gente tem que reparar que esses outros alimentos não servem para encher nossa barriga, eles servem para sentir esse sabor gostoso e passar”, explicou Beatriz Camargo.

Se você identificou algum hábito semelhante ao citado pelos profissionais nesta reportagem, procure o auxílio de um psicólogo ou nutricionista e faça uma consulta.

Ouça a reportagem na íntegra:

 

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