RÁDIOS
Campo Grande, 25 de abril

População vai as ruas contra implantação de aterro sanitário coletivo

Moradores de Rio Verde não querem que a cidade seja transformada na capital do lixo da região norte do estado

Por Otávio Neto
22/07/2018 • 09h38
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Uma manifestação contra a instalação de um Aterro Sanitário mobilizou a população da cidade de Rio Verde, município localizado na região norte de Mato Grosso do Sul, distante 194 quilômetros de Campo Grande. Centenas de carros, motos e milhares de pessoas foram para as ruas da cidade dizer não a proposta que visa, segundo eles, transformar Rio Verde na capital do lixo da região norte do Estado. O protesto, organizado pelos moradores reuniu autoridades, empresários, professores, estudantes e foi marcado por um imenso apoio popular. Eles temem que a cidade, conhecida pelo potencial turístico, seja prejudicada pelo projeto que, ainda segundo os organizadores do protesto, precisa atender as determinações da Política Nacional de Resíduos Sólidos. A população quer que o Aterro Sanitário municipal atenda somente as necessidades do próprio município e não a demanda de outras 19 cidades como prevê a proposta apresentada aos moradores.

“Somos contra a implantação de um lixão coletivo aqui em Rio Verde. Entendemos que existe uma política de resíduos sólidos que deve ser implementada no país por força de lei, mas não queremos que nossa cidade seja a receptora de todo o lixo produzido nos municípios da região norte do Estado. Cada cidade pode e deve construir seu próprio aterro sanitário. Nosso protesto visa proteger o meio ambiente de Rio Verde, nossos mananciais e a nós mesmos já que a água que consumimos aqui vem do aquífero que fica sob o local onde querem instalar o lixão. Nossa preocupação é também evitar que nossa cidade fique conhecida como Lixão do Norte. Somos uma cidade turística e precisamos defender nossos interesses”, destacou o advogado Pedro Francisco Luis Filho, um dos coordenadores do movimento e que falou com a CBN.

O movimento realizado neste sábado mobilizou toda a cidade. Os manifestantes empunharam faixas, cartazes e na praça central do município, um ato foi realizado como forma de evidenciar a reprovação à proposta de instalar na cidade o aterro que está sendo proposto por um empresário do setor ceramista. A CBN tentou contato com o prefeito de Rio Verde, Mario Kruger e com a assessoria dele, mas até o fechamento dessa reportagem, eles não haviam retornado.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é uma lei (Lei nº 12.305/10) que procura organizar a forma com que o país lida com o lixo e exigir dos setores públicos e privados transparência no gerenciamento de seus resíduos.
O constante aumento populacional nas cidades proporciona grande geração de resíduos sólidos urbanos. Esse crescimento não é acompanhado pelo descarte adequado de embalagens e dos próprios itens, que se degradam e acabam sendo descartados de forma incorreta, o que pode prejudicar o meio ambiente e a saúde humana com contaminação do solo, dos corpos d'águas, e disposição em áreas de preservação, por exemplo. 
Redução de resíduos e fim dos lixões

A lei propõe a redução dos resíduos gerados, de modo a incentivar reciclagem e reaproveitamento. Já os rejeitos devem ser destinados a locais adequados para minimizar os danos ambientais e à saúde humana. Isso se efetivaria com uma das metas, que é a "eliminação e recuperação de lixões, associadas à inclusão social e à emancipação econômica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis". Assim, os rejeitos não seriam dispostos a céu aberto, e sim levados a locais próprios que poderiam reaproveitá-los para produção de biogás, por exemplo. O consórcio entre municípios tem sido uma alternativa encontrada por prefeitos que conseguem dividir os custos com a manutenção dos aterros que geralmente são construídos e mantidos pela iniciativa privada. 

 

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