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Campo Grande, 28 de março

Skate ganha fôlego na capital, mas precisa de locais adequados para a prática

Rayssa Leal, a Fadinha, juntamente com Kelvin Hoefler, colocou o Brasil no pódio de Tóquio 2020

Por Isabelly Melo
30/07/2021 • 15h00
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O efeito Fadinha está sendo avassalador no Brasil. Após conquistar a prata em Tóquio, na estreia do skate em Jogos Olímpicos, Rayssa Leal, de 13 anos, colocou o esporte no topo do mundo e na vitrine dos brasileiros, que agora, sonham em chegar onde Fadinha chegou ou apenas descobrir um novo hobby.

Assim a maranhense, Kelvin Hoefler também ficou com o 2º lugar no Skate Street, o que explodiu a busca e compra de equipamentos do esporte. Conforme dados, na segunda-feira (26) a plataforma de vendas Mercado Livre registrou recorde de vendas de patins e skates, a maior venda de 2021. Em comparação com as aquisições registradas nas últimas quatro segundas-feiras, o ml contabilizou um aumento de 50% nas vendas da categoria.

O mesmo foi registrado na Netshoes, com 79,7% de aumento nas vendas de skate quando comparado com o a segunda-feira da semana passada. A centauro também indicou crescimento expressivo nas buscas por produtos da categoria, chegando a 400%.

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Na capital, lojas que vendem produtos ligados a nova modalidade olímpica não relataram um aumento instantâneo nas vendas, mas notaram que o cenário do skate está aumentando há um tempo em Campo Grande.

Na Toys, shapes variados chama atenção dos amantes do skate

Há 25 anos no cenário, Helmut Dente, proprietário da Toys Skateboard Shop, acredita que com a força das redes sociais, que ajudaram no surgimento da Fadinha e agora na divulgação do título olímpico, mais pessoas vão passar a querer aprender a andar e se envolver na cultura do skate.

“Já vinha tendo um crescimento muito grande porque o esporte em si estava em crescente. Com a Olimpíada a gente acredita que será um pico bem legal para a divulgação. Só que não é só a olimpíada, os atletas precisam de pista boa, qualidade de produto”, disse.

Marcelo Rizzi, sócio proprietário da Rema Boardhouse, destacou o mesmo ponto. Para ele, que anda de skate desde 1998, apesar de possuir espaços públicos com pista, corrimão e mais, Campo Grande é uma cidade aversa aos skatistas, que não possuem espaços variados dentro da cidade passiveis de ocupação.

Rema possui pista prórpia na parte externa da loja

“Os pontos estão extremamente defasados, tá precisando de reforma. A gente gosta de interagir com a arquitetura urbana, porque a pista de skate foi construída com base na arquitetura urbana. Na pista de skate tem escada, tem corrimão, o caixote que é uma espécie de borda ou mureta, assimila um banco de praça. Então, se observar a pista, ela é um reflexo da rua”, relatou.

Mesmo com a atual precariedade na infraestrutura, relatada por integrantes da cena do skate, Campo Grande tem talentos que despontam a nível nacional, como Pedro Iti, primeiro a se profissionalizar dentro na região. Pedro se profissionalizou o início de 2015, passando o ano filmando parte de vídeo para honrar a conquista. Iti já foi patrocinado pela Toys e, atualmente, tem apoio profissional da Rema Board House, loja em que trabalha desde a inauguração em 2012.

Assim como Iti, outros skatistas vão nascendo e tomando forma dentro da capital, como o jovem Eduardo Neves, que chegou perto de garantir uma vaga em Tóquio, ao disputar a penúltima seletiva para os Jogos Olímpicos, a Dew Tour, que conta pontos para o ranking mundial e ocorreu entre 17 e 23 de maio, em Iowa (EUA).

Daniel Delgado, proprietário da Krash Street, destacou a potência de Mato Grosso do Sul para criar talentos do skate, como Iti e Eduardo, “A gente sempre teve talentos. Temo o Iti e o Neves, um moleque muito bom de técnica e está despontando aqui (em Campo Grande)”, disse.

Em duas unidades, Krash teve um bom período de vendas no 2º semestre de 2020

O entusiasta do esporte, revela que a nível econômico o skate tem altos e baixos, hora muito bem e hora mais “calmo”. O que foi impactado diretamente pela Olimpíada, sendo que, na visão de Daniel, desde o anúncio da entrada oficial do skate nos jogos, o cenário sofreu uma crescente. “Desde o ano passado a gente já vem tendo uma procura um pouco maior do esporte. Quando as mídias de massa começam a falar do assunto, as pessoas já começam a criar uma curiosidade maior. Tanto é que no segundo semestre teve um crescimento recorde de vendas, foi muito forte”, contou.

Frederico Campos, cinegrafista e ministrante de oficinas de skate na capital, disse em entrevista à Rádio CBN CG que, mais que colocar o esporte em evidência, os jogos olímpicos ajudam a tirar o estigma de que andar de skate é coisa de “malandro” ou “vagabundo”. “Cria um novo jeito de ver o skate. Porque até então era apenas um estilo de vida. Veio para somar, agregar para o skate com competições, grandes patrocínios, investimento e vem para agregar, porque p skate é carente aqui no estado”, declarou.

Em média, para começam no esporte dentro da capital é preciso desembolsar de R$290 a R$310, contando apenas com o skate, já montado. Equipamentos como tênis, roupas e assessórios variam de preços e modelos, com muita variedade entre as lojas do setor.

Conforme Helmut Dente, para quem vai começar a dica principal é investir em bons equipamentos, o que não significa desembolsar um valor alto. O ponto principal, segundo Rizzi, é se atentar ao tamanho e sustentação do shape conforme a altura e peso de quem irá utilizar.

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