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Crise afeta emprego no país e poderá ser mais sentida nos próximos meses

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a agropecuária brasileira tem um saldo negativo de mais de 134 mil postos de trabalho formais

Por Redação
06/02/2009 • 08h10
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A crise econômica internacional começou a causar impacto na oferta de emprego em diversos ramos de atividade no Brasil. Na avaliação de economistas, a freada no crescimento será mais sentida nos próximos meses. Agricultura, indústria e serviços, que já percebem os efeitos globais da desaceleração, terão motivos diferentes para continuar demitindo.

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a agropecuária brasileira tem um saldo negativo de mais de 134 mil postos de trabalho formais entre as admissões e desligamentos ocorridas em dezembro de 2008. O setor tem a pior variação entre as diversas atividades econômicas acompanhadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego -7,92%.

As razões para os desligamentos guardam relação com a queda das exportações, a diminuição de demanda e do preço de produtos primários, como carne e commodities, no mercado internacional. Segundo o professor de economia Manuel Enriquez Garcia, vice-presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo, esses fatores reduziram a área de plantio e a compra de maquinário e favoreceram as dispensas observadas no Caged.

A redução das exportações que aflige o campo afeta também a indústria de transformação, que desligou mais de 273 mil trabalhadores contratados (41% dos desligamentos ocorridos ao fim de 2008). Além do mercado internacional em contração, o crédito escasso e caro diminui o consumo de bens duráveis, dificulta a tomada de empréstimo para girar capital e investir em mais produção.

Para Garcia, “o ajuste de emprego às fortes quedas na produção industrial dependerá do comportamento futuro da demanda e tudo indica que esse ajuste deverá começar a ser observado a partir de fevereiro de 2009”.

O economista preocupa-se, por exemplo, com a cadeia produtiva da indústria automobilística. Segundo ele, as montadoras conseguiram ajustar estoque com a diminuição da produção (devido às férias coletivas) e ao “repique” de consumo ocorrido em janeiro (por causa da diminuição do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI).

“Os maiores problemas, no entanto, não serão sentidos nas montadoras, mas em todas aquelas empresas fornecedoras de componentes de automóvel”, projeta, avaliando que a crise está no começo. “Em março e abril, teremos as piores notícias”, alerta.

Na avaliação do diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, todos os anos, a partir de dezembro, ocorre desemprego sazonal na indústria, e nos dois primeiros meses o processo se acentua no comércio com o encerramento dos contratos temporários. Em sua avaliação, a taxa geral de desemprego neste ano poderá ser mais de 1% acima do verificado em outros períodos e se estender  até abril.

Além da sazonalidade do período, “há um ajuste da expectativa de crescimento para o ano, combinado com o travamento que ocorreu no último trimestre de 2008”, admite o diretor do Dieese.

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