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Desoneração da cesta básica ainda vai demorar algum tempo para população perceber, avalia economista

Redução foi anunciada pela presidente Dilma Rousseff no início de março

Por Redação
25/03/2013 • 10h59
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O efeito da desoneração dos produtos da cesta básica sobre a inflação ainda vai demorar algum tempo para ser percebido pela população. A avaliação é do economista Salomão Quadros, superintendente de Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

— Isso tem um processo. Essas coisas se transmitem por meio de renovação de estoques. Até que você tenha o varejo vendendo produtos que já saíram da indústria desonerados, isso leva um certo tempo — disse. A desoneração da cesta básica foi anunciada pela presidente Dilma Rousseff no início de março.

Quadros também declarou que, neste momento, é dificil fazer um prognóstico sobre o comportamento da inflação até o fim do ano. Há, segundo ele, vários fatores impulsionando os preços, “ao mesmo tempo em que o governo está tentando, por meio de algumas desonerações, evitar a continuidade desse processo. Mas a inflação está, realmente, em aceleração”. Daí, explicou o economista, a dificuldade em fazer um prognóstico mais definido, tanto de aumento como de queda da inflação.

Segundo o coordenador de Economia Aplicada do Ibre, Armando Castelar, a economia brasileira atravessa um momento peculiar, com dois cenários distintos postos na praça. Um cenário mostra uma recuperação mais forte, entre 3% e 4%, com base na retomada de investimentos na área de caminhões, que está voltando a ter uma posição forte, e também baseado na recuperação agrícola, além do efeito da questão dos estoques, que pesou no ano passado.

Castelar, entretanto, faz uma análise mais moderada, embora aponte para um crescimento melhor do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, que o do ano passado.

— Eu acho que a visão da gente ainda é um pouco mais calcada na ideia de que o ambiente de negócios prejudicou muito o investimento no ano passado. Muita incerteza macro, muita mudança, bota IOF [Imposto sobre Operações Financeiras], tira IOF, muita mudança setorial, no setor de energia elétrica, no setor de portos. A gente ainda vê um investimento forte no primeiro trimestre mas, no resto do ano recuperando muito gradualmente — indicou Castelar.

O cenário para o PIB sinaliza para um crescimento próximo de 3%, “ou um pouquinho menos”.

Nos dois cenários, a inflação preocupa bastante, avaliou o economista. A previsão média para a inflação se situa próximo de 6%. Ele concorda que é difícil saber quanto a desoneração da cesta vai acabar se refletindo nos preços ao consumidor. Externou preocupação em relação ao impacto que uma recuperação mais forte da indústria possa ter sobre a inflação.

— Eu acho que com um real mais desvalorizado e uma recuperação do nível de atividade, você pode ter uma pressão de inflação forte vinda da indústria.

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