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Eldorado Brasil adia para 2020 início de operação da 2ª linha de celulose

Alvo de investigação em três operações da Polícia Federal, Eldorado atrasa cronograma do projeto de expansão de fábrica de Três Lagoas

Por Ana Cristina Santos
25/02/2017 • 09h25
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Avo de investigação em três operações da Polícia Federal, a Eldorado Brasil, empresa pertencente ao grupo holding J&F, adiou novamente o início de operação da segunda linha de celulose de Três Lagoas.

O cronograma inicial, divulgado no lançamento da pedra fundamental do projeto Vanguarda 2.0 em 15 de junho de 2015 pelo presidente da empresa, José Carlos Grubisich, era colocar em operação a nova linha em 2018.  No ano passado, adiou para 2019, e ontem, por meio de nota encaminhada ao Jornal do Povo, informou que a previsão de entrada em operação agora é para o início de 2020.

A devolução de um alojamento com capacidade para abrigar quase dois mil trabalhadores à prefeitura, nesta semana, foi o sinal de que a empresa não tem previsão para retomar as obras de ampliação que, praticamente, nem saiu do papel.  Até agora a empresa concluiu as obras de terraplanagem, de infraestrutura básica do projeto e o novo pátio de madeiras.

Nesta quinta-feira (23), o prefeito Ângelo Guerreiro (PSD) recebeu em seu gabinete, os representantes da Eldorado, que comunicaram a devolução do alojamento que estava cedido à fábrica. A estrutura fica na BR-158 e estava sob os cuidados da Eldorado desde novembro de 2014, quando foi iniciada a obra de ampliação.

“Com a redução do número de funcionários no estágio atual do projeto, a Eldorado Brasil optou por devolver o alojamento da BR -158 à administração municipal. A companhia reforça que mantém o Projeto Vanguarda 2.0 e que, no momento, aguarda as propostas dos fornecedores de tecnologia e dos equipamentos principais para decidir quem serão os parceiros para a construção da nova unidade industrial, que terá capacidade para até 2,5 milhões de toneladas de celulose por ano e deverá entrar em operação em 2020”, diz a Eldorado em nota.

RECURSO
Apesar de garantir que mantém o projeto, a reportagem apurou que a Eldorado não conseguiu juntar todo o recurso necessário para o projeto de expansão, orçado, inicialmente, em R$ 8 bilhões. A liberação de financiamento- necessário para a conclusão do projeto - no entanto, pode ficar comprometida após o conglomerado passar a ser investigado pela Polícia Federal nas três operações — Sépsis, Greenfield e Cui Bono.

Em recente entrevista ao Jornal O Globo, Joesley Batista, presidente da holding J&F, que controla a JBS (dona das marcas Friboi e Seara) e a empresa de celulose Eldorado, afirmou que as investigações do grupo têm motivação pessoal, mas se disse confiante com o desfecho dos casos.

Nas três operações, aparece o nome de Lúcio Funaro, apontado como interlocutor do ex-deputado Eduardo Cunha. Batista rebate as denúncias e diz que elas tiveram motivação pessoal e afirma que os pagamentos feitos a Funaro foram comissão por negócios, cobrada na Justiça.

Joesley, inclusive, confirmou os prejuízos que as operações estariam provocando no andamento do projeto de expansão da fábrica. “Para uma empresa de celulose, eu preciso de duas coisas: madeira e capital. Madeira, a gente planta ou compra. Capital, a gente precisa estar com a reputação em ordem, né? Isso (as denúncias) obviamente mexe no mercado. A Eldorado tem bastante caixa, mas esse projeto da nova fábrica é um investimento de R$ 10 bilhões”, disse Joesley.

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