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Montadoras apostam em consórcio para atrair clientes

Juros consignados também fazem parte da estratégia dos fabricantes de veículos para escoar a produção

Por Redação
10/05/2013 • 18h45
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Num cenário de inflação em alta, as montadoras tem em seus bancos um aliado para escoar a produção do pátio para as ruas. Uma das estratégias usadas por essas instituições financeiras para fisgar o consumidor que anda meio ressabiado com o andamento da economia brasileira é o consórcio. 

A modalidade, que há quatro anos representava apenas 4% dos licenciamentos do país, dobrou de tamanho e já responde por 8% do total de carros emplacados. 

"Contamos com uma carteira de 16 mil clientes somente na modalidade consórcio.Em 2008, isso não chegava a 4 mil cotas. O consumidor de menor renda consegue realizar o sonho do carro novo através do consórcio. Hoje, a concessão de crédito está cada vez mais difícil para esse cliente, já que ele muitas vezes não consegue comprovar a renda necessária para comprar o automóvel no financiamento dos bancos usuais. Além disso, as parcelas são mais baixas e cabem no bolso desse consumidor", disse o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras e presidente do Banco Volkswagen, Décio Carbonari.

Apostando na retomada do consórcio, o Banco Renault (RCI Brasil) relançou esse tipo de financiamento no país. A expectativa é que a sua carteira dobre já neste ano, chegando a 6 mil clientes. "No ano passado, 2,5% dos licenciamentos da Renault foram por meio de consórcio. Contratamos um novo parceiro, a Embracon e seremos mais agressivos nessa modalidade", disse o diretor geral da RCI Brasil, Dominique Signora.

Outra que aposta no consórcio é a Volkswagen, por meio de seu braço financeiro, o Consórcio Nacional Volkswagen, que até março vendeu 40.943 cotas. "Estamos estruturados para manter o mesmo ritmo aquecido por todo o ano, e os primeiros meses estão sendo fundamentais para isso", disse Carbonari, que também está à frente do Banco da montadora.

Juros subsidiados

Para atrair o consumidor de todas as faixas de renda, outra estratégia dos bancos das montadoras é a taxa de juros subsidiada. "Taxas subsidiadas são o primeiro grande instrumento para atrair o consumidor para a concessionária. Essa é uma das armas das companhias que têm instituições de financiamento. Elas conseguem juros melhores do que os oferecidos pelo mercado e financiamentos mais longos. O tempo médio, por exemplo, cresceu de 36 para 42 meses", disse o presidente da Anef e do Banco Volkswagen, Décio Carbonari.

Na Renault, os juros variam de 0% a 1,5%, dependendo do número de parcelas financiadas. Signora, da RCI, disse que para se preparar para a alta no número de contratos, a instituição vai lançar mais uma rodada de letra financeira no mercado, em junho.

"Esperamos captar recursos da ordem de R$ 500 milhões nessa operação. Na semana passada, concluímos uma emissão e conseguimos R$ 350 milhões. O mercado está comprador do nosso papel", disse o executivo da financeira do Banco Renault.

Segundo Signora, a empresa tem em carteira R$ 7,5 bilhões até abril. No ano passado, a instituição fechou com R$ 7,1 bilhões, com um montante de financiamentos superior a R$ 4 bilhões e mais de 151 mil contratos fechados em 2012. Segundo o executivo, a RCI Brasil registrou42,7% de participação do mercado nacional e deteve 15% da produção mundial de contratos do RCI Banque.

Mesmo no segmento premium, as montadoras usam desse artifício para vender seus carros. No Banco Mercedes-Benz, foi estabelecido um plano agressivo de taxas mais competitivas em relação ao mercado, com foco na expansão da participação nos financiamentos para o segmento de automóveis. No primeiro trimestre de 2013, a instituição liberou R$ 31 milhões para novos negócios no setor, crescimento de 71,8% ante os R$ 18 milhões liberados no acumulado de janeiro a março do ano passado.

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