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Volume de crédito permanece inerte no trimestre

Apesar do aumento das concessões diárias, segundo dados prévios de maio, a retomada apenas reverte queda registrada em abril

Por Redação
31/05/2013 • 15h23
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A retomada do crédito não deverá ser fator decisivo para ajudar a acelerar o crescimento da economia no segundo trimestre. Entre março e maio, o crédito patinou e abril foi um mês praticamente perdido. 

Os bancos privados estão com suas carteiras estagnadas e os públicos já despejaram tanto crédito na praça desde o ano passado que podem já estar no limite de novos desembolsos. 

Além disso, a trajetória de alta do juro básico da economia, confirmada na quarta-feira pelo Banco Central, tende a retrair mais a concessão, com as próprias empresas fugindo de juros mais altos.

O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu sinais na quarta-feira de que não aposta mais suas fichas no crédito. "Não pretendemos fazer estímulo ao consumo. O consumo tem que se recuperar a partir do dinamismo dos investimentos. Os investimentos vão dinamizar o restante da economia", disse Mantega.

De acordo com dados do Banco Central, a média diária das concessões de empréstimos até o dia 10 de maio aumentou, revertendo a queda registrada em abril. Mas mesmo que no resto do mês o ritmo seja mantido, os desembolsos de maio vão apenas fazer o crédito retornar ao patamar de março.

Levantamento parcial do BC indica que a média diária das concessões no começo deste mês cresceu 6,2% em relação ao mesmo período do mês anterior (alta de 9,5% para pessoas físicas e de 2,7% para as empresas). 

Em abril, a média diária ficou em R$ 13,50 bilhões, 8,7% inferior aos R$ 14,79 bilhões de março. Ou seja, em maio, a média diária foi de R$ 14,33 bilhões.

Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian, diz que em termos reais, os bancos privados estão encolhendo o crédito. "Em 12 meses, o crescimento é de 6,2%, abaixo da inflação. 

Nos balanços dos três maiores bancos, publicados em abril, todos previam crescimento de dois dígitos em 2013. Ou seja, ou eles aceleram a concessão de crédito ou revisam este número na próxima divulgação." 

Mas Rabi acredita que a inadimplência deve cair com o baixo desemprego e com a acomodação da inflação. "Os bancos, ao longo do ano, devem ficar menos seletivos", diz. 

No ano passado, de forma geral, a demanda caiu. Mas desde novembro ela voltou a subir e permanece assim em 2013. "A quantidade de CPFs consultados pelos bancos têm crescido, em média, 7% este ano. Está distante dos 15% de 2010 e 2011, mas é um número positivo. Isso não se reflete em concessão pela escolha dos bancos privados". 

Miguel de Oliveira, vice presidente da Anefac, diz que se o governo federal não estivesse incentivando o crédito via bancos públicos, a situação estaria muito pior. 

"Apenas neste ano, a concessão dos bancos públicos cresceu 6,3%. Só em abril foi 2,1% e tende a se repetir em maio. Os bancos privados estagnaram em abril e maio - no ano acumulam alta de 1,6%. Crescimento real do crédito só no segundo semestre, se a inadimplência ceder e a inflação parar de incomodar.".

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