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EDUCAÇÃO

Professores cruzarão os braços na próxima quarta-feira

Em Três Lagoas, Sinted promoverá audiência pública sobre violência nas escolas

Por Arquivo JP
16/04/2013 • 08h04
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Professores das redes públicas de ensino de Três Lagoas, municipal e estadual, cruzarão os braços na próxima quarta-feira, dia 24. A ação, organizada pela Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), faz parte da 14ª Semana Nacional em Defesa da Educação Pública da Confederação Nacional, que visa à implantação do piso nacional e de um terço de hora/atividade nas escolas de todo o país.

No ano passado, a mobilização, segundo informações da Fetems, contou com a participação de 15 mil pessoas apenas em Campo Grande e a adesão foi de 90% nas escolas estaduais e municipais de todo o Estado.

Em Três Lagoas, segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinted), Maria Diogo, a meta é atingir 100% de adesão da classe, que possui uma média de 2,5 mil a três mil profissionais distribuídos nas escolas municipais e estaduais. No entanto, a paralisação terá outro foco. Enquanto, a maioria das cidades estará debatendo o piso nacional, no município a classe aproveitará a mobilização para discutir outro assunto importante: a violência contra trabalhadores da educação em escolas públicas. 

Para isso, o Sinted organiza uma audiência pública, que será realizada no dia 24, a partir das 8h, na Câmara Municipal. Maria Diogo explicou que o evento pretende reunir professores, representantes do Conselho Tutelar, das polícias Militar e Civil, Ministério Público Estadual e vereadores para debater o tema, que, segundo ela, vem ganhando espaço nas escolas do município. 

“O objetivo é debater a criação de um projeto de lei em Três Lagoas para combater esse problema que atinge as nossas escolas. Então, estamos colhendo dados junto às polícias e ao Conselho Tutelar e, paralelamente, estudando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), para analisar o que é possível fazer sem que haja conflito com as leis já existentes. O que nós queremos é chegar a essa audiência com alguma coisa mais concreta em mãos para pedir este projeto de lei”, explicou.

DADOS
A ideia de debater a violência nas escolas surgiu em fevereiro deste ano, quando o Portal QEdu – projeto que visa lançar dados sobre a educação nacional – apresentou dados expressivos sobre a violência vivida por professores nas escolas públicas de Três Lagoas. O estudo mostrou que, em 2011 (ano base do estudo), 35 professores de Três Lagoas foram vítimas de agressão verbal no município. 

Naquele mesmo ano, 65% dos professores que responderam ao questionário, em um total de 130, informaram terem visto dentro da escola colegas sendo agredidos verbalmente por alunos. Quatro casos de agressão física de alunos contra professores também foram citados e 10% dos professores, ou seja, 12 profissionais relataram casos de ameaça contra professores dentro da unidade escolar na pesquisa. No Estado, 9% dos professores relataram casos de ameaça e outros 63%, o equivalente a dois mil profissionais, de agressão verbal.

“Como já conversamos naquela época, o índice de agressão verbal de alunos contra professores tem aumentado. Na cidade, também já registramos casos de agressão física, embora em menor número. O que queremos é um projeto de lei que nos ajude, que nos defenda”, destacou.

PISO NACIONAL
A mudança de foco da mobilização deve-se ao fato de que, na rede municipal, o piso nacional dos professores vem sendo cumprido desde 2009 – um ano após a lei entrar em vigor. No Estado, o cumprimento na íntegra, com piso nacional e horas- atividade, começará em 2014, depois de uma longa batalha da classe. “Três Lagoas está melhor que o próprio Estado, que começou a pagar o piso agora e só vai cumprir a hora atividade em 2014. Aqui, os professores já têm esses direitos garantidos desde 2009”, disse.

 Mas nem todos os municípios do Estado podem comemorar a conquista. Maria Diogo explicou que informações extraoficiais apontam que apenas 22, dos 79 municípios sul-mato-grossenses, pagam o piso nacional aos seus professores. 

Por isso, no mesmo dia, em Campo Grande, deverá ser realizada uma audiência pública na Assembleia Legislativa. “Então, vamos trabalhar em duas frentes. Parte do Sinted estará na audiência aqui, em Três Lagoas, sobre a violência nas escolas e outra, em Campo Grande, para debater a valorização profissional. O tema da audiência será “Educação Pública, eu Apoio – todos juntos em defesa da valorização profissional”. Três Lagoas será representada por 15 delegados.

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