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Três Lagoas, 28 de março

Chilenos devem ‘bater o martelo’ e comprar Eldorado até agosto

Após auditoria nos ativos da Eldorado, companhia chilena deve anunciar compra da fábrica de celulose instalada em Três Lagoas

Por Ana Cristina Santos
15/07/2017 • 07h06
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A venda da fábrica de celulose Eldorado Brasil, em Três Lagoas, pode se concretizar até o próximo mês, quando a companhia chilena Arauco deve concluir auditoria nos ativos da empresa controlada pela J&F Investimentos.

O levantamento que as empresas contratadas pela Arauco está fazendo deve durar até 3 de agosto, com chance de um desfecho antes desse prazo.  Até agora, a auditoria nos ativos da Eldorado identificou pelo menos R$ 500 milhões em passivos, segundo o Jornal Valor Econômico. 

O valor surpreendeu os chilenos, que estiveram recentemente em Três Lagoas visitando as instalações da fábrica controlada pela J&F Investimentos, e que deve ser vendida para pagar as dívidas do grupo.  Os passivos da Eldorado, no entanto, podem crescer e comprometer no preço final da empresa, que já recebeu oferta inicial de quase R$ 14 bilhões por parte da Arauco, que deve fincar bases no Brasil na produção de celulose, podendo garantir algum prêmio aos vendedores, diluindo parte desses valores. 

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De acordo com o Valor Econômico, na área logística ferroviária, a companhia teria um passivo da ordem de R$ 200 milhões com duas empresas do setor, referente a transporte e venda de material rodante e vagões. Os chilenos também teriam relacionado uma ação de R$ 100 milhões movidos pela Fibria contra a companhia, por uso indevido de um clone de eucalipto por ela registrado.

 Além disso, a auditoria apontou ainda 1,2 mil ações de processos tributários e trabalhistas, provisionados de maneira adequada. O lucro da Eldorado seria inflado por créditos de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), lançados no balanço com um prêmio de até 30% que não devem ser devolvidos pelo governo de Mato Grosso do Sul. 

Ainda segundo a reportagem, por isso, esse prêmio não pode ser lançado na conta do resultado operacional, na avaliação de fontes do setor. Para negociar o ativo com exclusividade com a J&F, a Arauco fez uma oferta inicial de quase R$ 14 bilhões - equivalente a dez vezes o múltiplo de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Com isso, a concorrente chilena tirou do jogo, num primeiro momento, as brasileiras Fibria (grupo Votorantim e BNDES) e Suzano Papel e Celulose, que também já sinalizaram interesse na fábrica.

Há sete anos, a Arauco planeja fazer celulose no Estado. Em 2011, a companhia, que é uma das maiores empresas florestais do Hemisfério Sul, comprou um terreno em Inocência, a 149 quilômetros de Três Lagoas, para instalar uma fábrica de celulose. Na região, a Arauco já tem 40 mil hectares de florestas plantadas, mas os planos foram interrompidos pela proibição da compra de terras por estrangeiros no país. 

Entre 2013 e 2014, segundo fonte da indústria, o comando da chilena se reuniu com o empresário Mário Celso Lopes, idealizador da Eldorado e seu ex-acionista, para avaliar a potencial combinação de seus projetos de celulose no país. As conversas não prosperaram, mas os chilenos mantiveram-se firmes na proposta de ter uma fábrica no país. Ainda segundo o Valor Econômico, em determinado momento, a própria Eldorado teria feito uma oferta pela base florestal da Arauco na região, mas ela não se interessou. 

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