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Três Lagoas, 19 de abril

As bolsas de plástico são a tendência polêmica da vez

Elas estão por todos os cliques de street style. De onde surgiram? Qual o motivo do sucesso?

Por Redação
13/03/2018 • 07h56
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De vez em quando aparecem algumas tendências que são consideradas extremamente inusitadas, cada uma por um motivo. Como os tênis considerados “feios”, mas que já viraram um cult da Balenciaga, ou até mesmo a agraciada volta dos anos 1990 e seus acessórios — chokers, óculos finos…

Mas quando algo considerado barato entra na moda, o choque é muito maior do que quando a tendência é considerada simplesmente feia. E o caso atual é muito polêmico pois os dois rótulos estão envolvidos. Consideradas subversivas por muitos, as sacolas plásticas que estão nas mãos e antebraços dos fashionistas são parecidas com as de qualquer supermercado e são caras — e começaram a fazer muito mais sucesso do que poderíamos imaginar. Vale lembrar que há algum tempo, foram as sacolas parecidas com a da Ikea e vendidas pela Balenciaga que causaram furor nas redes.

De onde tudo isso surgiu? Resposta direta: Raf Simons. Foi o belga que originou a trend quando ainda comandava a Jil Sander, no desfile de verão 2011 da marca. Na época, a bolsa laranja foi vendida por U$ 135 cada e esgotou imediatamente.

Para tentar entender melhor a tendência, é preciso pensar que muitas dessas novidades surgem como um antídoto a algo que é muito popular. No caso das sacolas de plástico — e da sacola de feira da Balenciaga –, era quase de se esperar que em um momento no qual o sonho é ter uma amada Birkin da Hermès, um designer antenado criaria uma bolsa-desejo que de bolsa-desejo não tem nada.

Demna Gvasalia, à frente da Balenciada e da Vetements, trouxe o irônico de volta, e esse conceito também está envolvido. A bolsa assinada de grife não poderia ser mais óbvia nesse mundo que busca exclusividade. Nada mais único do que transformar em statement algo que é tão banal. Ele está nos desafiando? Sim. Mas não é apenas uma traquinagem.

A bolsa pode ter as configurações de uma de supermercado e, mesmo que não dure para sempre, vai durar muito mais do que aquela que acabou de sair do supermercado. Aliás, já pensou se a gente cuidasse de uma sacola de plástico como cuidamos de uma bolsa de luxo? Talvez o mundo não tivesse a expectativa assustadora da produção de cerca de 30 bilhões de camisetas até 2030…Ou se as roupas não fossem descartadas no lixão. Seria essa uma tentativa de valorização até do que é mais desvalorizado?

Os modelos em alta hoje são da Céline, assinada por Phoebe Philo, que leva o logo da marca, por U$ 590. Recentemente, Raf repetiu seu feito ao criar uma para a loja Voo, em Berlim, por U$ 158,79. Já a novata Marine Serre, ganhadora do prêmio LVMH, também exibiu sua novidade durante a semana de moda de Paris. Junto com sua nova coleção, ela debutou uma sacola de compras alaranjada.

Faz sete anos que Raf debutou a novidade na Jil Sander. Algumas das roupasdo designer já estão em museus — e pode ser que essa sacola tão statement esteja em breve em uma galeria. Entre as muitas coisas para se pensar, vale a pergunta: por que jogamos coisas fora? E um último detalhe curioso, mas que diz muito sobre o nosso tempo: analisando as fotos de street style, dá para ver que as pessoas estão colocando bolsas de grife dentro dessas bolsas de plástico ao lado de outros acessórios hypados.

(mdemulher)

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