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Três Lagoas, 19 de abril

Nódulos da tireóide, sinais e sintomas

O cirurgião oncológico tem o papel de avaliar os nódulos tireoidianos e indicar o possível tratamento cirúrgico

Por Kelly Martins
17/04/2017 • 11h23
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O aumento no número de casos de pessoas com problemas de tireoide chama a atenção e leva ao alerta para que os sintomas da doença sejam detectados o quanto antes. Ela pode provocar desde mudanças no corpo como o emagrecimento rápido, ou o ganho de peso, até sintomas bem mais graves. Por isso, é preciso ficar atento aos sinais de que algo pode estar errado. A tireoide é uma glândula que fica na região do pescoço e provoca o surgimento de nódulos, sendo mais comum em mulheres, como explica em entrevista o oncologista Rodrigo Melão, especialista em cancerologia cirúrgica pelo Hospital de Câncer de Barretos, cirurgia videolaparoscópica, e que também é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO). 


A incidência da doença aumentou em 10% na última década, mas sua mortalidade diminuiu. Recentes pesquisas apontam ainda que aproximadamente 10% da população adulta tem nódulos da tireoide e, desse número, cerca de 90% são benignos. Com o avanço da doença, a estimativa é de que sejam registrados no Brasil, somente neste ano, 1.090 novos casos de câncer de tireoide em homens e 5.870 em mulheres.


Revista SE7E - Quais as doenças que podem acometer a glândula tireoide?
Rodrigo Melão - A tireoide pode sofrer com doenças que acometam sua forma (aumento difuso ou nodular), função (hipertireoidismo ou hipotireoidismo) ou ambas. Os nódulos de tireoide podem ser únicos ou múltiplos, benignos ou malignos, produtores de hormônio ou não. A grande maioria dos nódulos tireoidianos é benigno e não produz hormônios. Geralmente, a presença dos nódulos não interfere na produção global de hormônios pela glândula, mas alguns nódulos podem produzir hormônios em excesso, independente do controle da hipófise. Devido à presença dos nódulos a glândula pode adquirir grandes dimensões, causando sintomas como falta de ar ou dificuldade para engolir. Porém, nem todas as tireoides aumentadas têm nódulos.


E o que provoca o surgimento de nódulos da tireoide?
As causas dos nódulos da tireoide têm sido amplamente estudadas e debatidas. Os fatores mais claramente relacionados são a carência de iodo na dieta e o hipotireoidismo (elevação do TSH). Há, sem dúvida, uma maior predisposição de se desenvolver nódulos tireoidianos com o aumento da idade. Alguns estudos mostram que o consumo de iodo em excesso leva ao aparecimento do bócio, assim, como a gravidez aumenta as chances de aparecimento de nódulos. O nódulo da tireoide deve ser avaliado para afastar a possibilidade de ser câncer de tireoide.


Como saber se o nódulo é ou não maligno? E o diagnóstico?
A avaliação ultrassonográfica é um dos principais métodos para a verificação dos nódulos, desde que, realizada por profissional experiente. Algumas características ultrassonográficas do nódulo de tireoide podem sugerir a possibilidade de tumor maligno. Associado ao Ultrassom de Tireoide, a PAAF (Punção Aspirativa por Agulha Fina) fornece dados citológicos que podem confirmar as informações do ultrassom. Além desses exames, podemos utilizar, em casos específicos, a cintilografia da tireoide ou a tomografia de pescoço.


Quais os principais tipos de câncer da tireoide?
Pode ser dividido em cânceres bem diferentes - papilar e folicular – como, carcinoma medular e carcinoma anaplásico. Aproximadamente 65% a 80% dos casos são diagnosticados como câncer de tireoide papilar; de 10% a 15% foliculares; de 5% a 10%  medulares e de 3% a 5% dos casos diagnosticados são anaplásicos.


E o tratamento, como é feito?
Depende do estágio da doença. Os tratamentos, que geralmente são bem-sucedidos, incluem cirurgia, terapia hormonal, iodo radioativo e raramente, em casos já avançados, radioterapia e quimioterapia. O tratamento é cirúrgico e consiste em realizar a tireoidectomia total. A cirurgia retira a glândula tireoide e resseca gânglios linfáticos adjacentes, acometidos pelo tumor, o que se chama de esvaziamento cervical. No pós-operatório faz-se a supressão hormonal, que consiste, resumidamente, em repor o hormônio tireoidiano com uma dose um pouco superior à necessária, com o intuito de diminuir a produção, pela hipófise, do TSH, um hormônio que estimula o crescimento do câncer de tireoide. O objetivo é deixar os níveis de TSH em um valor inferior ao nível normal. 


Há chances de cura? 
Cânceres de tireoide em estágios iniciais têm chance de cura maior que 90%. Diversos estudos revelam que pacientes submetidos ao tratamento de câncer bem diferenciado de tireoide têm até 95% de chance de estarem vivos após 20 anos. Pacientes que não têm boa evolução normalmente recorrem tardiamente. 
Na busca pelo tratamento, qual a importância do oncologista e endocrinologista?
O cirurgião oncológico, tem o papel de avaliar os nódulos de tireoide, indicar o tratamento ou exames adequados e orientar o paciente sobre seu prognóstico em caso de tumores malignos. O endocrinologista será fundamental no seguimento desse paciente, principalmente, no controle das taxas hormonais. O ideal é o seguimento em conjunto.

 

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