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Três Lagoas, 23 de abril

Quase de casa

Competidor de montaria em touros há 17 anos, Guilherme Marchi acumula títulos nacionais e internacionais, conquistando inclusive o título mundial em Las Vegas pela equipe PBR

Por Tatiane Simon
21/09/2017 • 09h02
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“Oito segundos”. Duas palavras que Guilherme Marchi, de 35 anos, mais deve ter ouvido nos últimos 18 anos. O campeão mundial de montaria em touros pela Professioanl Bull Riders (PBR) é natural de Itupeva (SP) e é um dos brasileiros com maior reconhecimento nacional e internacional. Brasileiro de muitas andanças, ele encontrou em Três Lagoas, Maria Augusta Guerra, a noiva que ele considera sua “cara- metade”. E foi numa das visitas que costuma fazer à cidade, que conseguimos bater um papo com o Cowboy mais premiado e mais badalado do Brasil na atualidade. Pai da Manoela, de 12 anos e do João Gabriel, que tem nove anos, Marchi conta os dias para a chegada do “Guilherminho”, o mais novo cowboy da família. Apesar de morar em Dallas, no estado do Texas (EUA), capital mundial das montarias em touros, Guilherme revelou que ele e Maria Augusta vão se casar aqui em Três Lagoas. 


De família humilde do interior paulista, Guilherme chegou a morar em Bertioga, litoral norte de São Paulo, e em Jacareí (SP), onde sua história de vida foi decidida. “Aos 15 anos fui estudar no Colégio Agrícola e foi a partir daí que comecei a montar em rodeios pequenos. Depois, aos 17, já estava formado, e passei então a montar em touros de rodeios maiores, como os do sul de Minas Gerais e no campeonato de rodeio Mundial Toyota, um dos melhores do Brasil”, recorda.
Embora a montaria só tenha se tornado mais séria no final da adolescência, Marchi montava em bois e cavalos desde a infância na companhia do irmão Juliano – seu maior influenciador e também competidor. “A gente cresceu em meio a criações de cavalos no sítio, e, desde criança, fazíamos muitas romarias e sempre que dava um tempinho a gente saía escondido nos cavalos [risos]”, lembrou.
O nome Guilherme Marchi foi pouco a pouco tornando-se uma marca, uma referência no mundo da montaria em touros. “Minha carreira deslanchava à medida que encarava uma nova competição e voltava vitorioso dela. Já são 17 anos competindo e sinto que só sei fazer isso, que essa é minha vocação. Sempre falei para os meus pais que quero morrer dentro da arena fazendo o que eu gosto de fazer, montando em touro. Seria uma morte feliz”. 


Nesse esporte, o competidor encara os touros mais nervosos do mundo. Muitos são preparados desde o nascimento para vencer o cowboy nas competições. Marchi não está para brincadeira, ele sabe bem o que faz. Em cima de um touro, seus movimentos são rápidos, exatos e com extrema precisão, não sobrando espaço para o improviso.

Em uma breve linha do tempo, em 2002, ele foi campeão nacional pela Confederação Nacional de Rodeio (CNAR) e dois anos depois mudou-se para os Estados Unidos. No ano seguinte, foi vice-campeão mundial de Las Vegas. Em 2006 e 2007 ficou como vice-campeão mundial e em 2008 conseguiu realizar seu maior sonho: o título de melhor competidor do mundo vencendo a Final do Mundial PBR em Las Vegas, que reúne os melhores peões e os touros mais difíceis dos Estados Unidos. Em 2014, Marchi quebrou um recorde tornando-se o primeiro competidor a superar 500 touros na carreira da PBR. No ano passado, ele alcançou uma nova marca quando na última etapa do Built Ford Tough Series, realizada na cidade americana de Des Moines, ele venceu o terceiro round com 87 pontos no touro Striker e com isso fez sua milésima montaria. Com esse resultado, ele e o americano Mile Lee são os únicos competidores a enfrentar mil touros em toda a história da competição. 
Mas, qual o limite entre a paixão e a dor? Quanto de dor o peão pode aguentar em cima de um touro em busca de um novo título e do prêmio final? O competidor precisa ter uma motivação interior, muita determinação, estar disposto a se dedicar ao máximo e superar todos os obstáculos. Para Marchi, algumas temporadas foram mais intensas devido às lesões no joelho e braço. “Você tem que buscar motivação nas pessoas que mais ama, porque são elas que te passam as melhores energias e estão lá na arquibancada torcendo”. Marchi encerra a entrevista falando de outro sonho: ser campeão da Festa de Peão de Barretos (SP). “Já fui vice-campeão lá, mas quero o título de campeão e quem sabe não será neste ano?”.

 

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