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Agros reagem a tabelamento do frete

Entidades como CNA e a Associação dos Exportadores de Cereais apontam prejuízo e ameaça à liberdade de negociação

Por Éder Campos
12/08/2018 • 12h34
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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entrou nesta quinta-feira (9) com um novo pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspensão do tabelamento dos preços mínimos do frete rodoviário pelo governo federal, sancionado pelo presidente Michel Temer.

O setor cita custos bilionários com a imposição do tabelamento, instituído após a paralisação dos caminhoneiros, em maio, ressaltando que isto elevará o custo dos alimentos, além de ameaçar a produção agrícola.

A CNA afirma que formalizou no STF um aditamento à Ação Direta de Inconstitucionalidade 5959, protocolada pela entidade em junho para acabar com a eficácia da Medida Provisória 832, que criou a tabela de frete para o transporte rodoviário. 

“A CNA é contra qualquer tabelamento por entender que a medida fere a livre concorrência, além de trazer prejuízos à população. Desta forma, a Confederação alega que a lei é inconstitucional”, reiterou a organização em comunicado. Para a CNA, “a lei trouxe questões acessórias que tornam a intervenção estatal até mais patente e inconstitucional.”

A manifestação da entidade ocorre antes de uma audiência pública em 27 de agosto, convocada pelo ministro Luiz Fux, relator das ações no STF. Fux deverá se posicionar sobre a tabela do frete após a audiência, mas a CNA defende a análise imediata da medida cautelar e a suspensão do tabelamento até a data do debate.

Em estudo recente, a CNA estimou um aumento médio de 12,1% no preço de alimentos como arroz, carnes, feijão, leite, ovos, tubérculos, frutas e legumes, que representam mais de 90% da cesta básica.
Em manifestação paralela assinada por outras entidades do agronegócio, como Abiove, Anec e Aprosoja, o setor afirma que outros produtos como gasolina e diesel também ficarão mais caros.

A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) afirmou, nesta semana, que o setor opera com margens baixas - própria do negócio de commodities - e está sendo altamente prejudicado.
“O ponto central do nosso setor, no Brasil, é a logística. É onde as empresas conseguem ganhar algum dinheiro... com a tabela de fretes, isso acaba com a rentabilidade das companhias”, disse Sérgio Castanho Mendes, diretor-geral da Anec.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), os primeiros cálculos apontam que o tabelamento acarreta alta de custos da ordem de R$ 73,9 bilhões sobre o conjunto da economia, valor superior ao investimento anual do país em infraestrutura.

Para a Abiove, que representa tradings e processadoras de soja - o principal produto de exportação do Brasil - os custos gerados pela tabela serão pagos por toda a sociedade, em especial, pessoas de mais baixa renda.

A competitividade internacional de produtos do Brasil, um dos maiores exportadores commodities agrícolas do mundo, também é colocado em xeque pela tabela de fretes, ressaltou a ABPA, entidade que representa exportadores de carne de frango, outra mercadoria que o país detém a liderança no cenário global.

“A questão logística, que já é um entrave para a capacidade produtiva nacional, passou a ser um fator de retenção de negócios. Com o menor fluxo produtivo, os custos da nova tabela poderão desencadear impactos na manutenção dos postos de trabalho e causar inflação”, disse a ABPA.

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