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Fundect apoia pesquisa sobre manejo sustentável

A pecuária bovina de corte tradicional, implantada há mais de 200 anos na região, tem ocasionado pouco impacto ao sistema

Por Redação
17/07/2017 • 10h06
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O Pantanal é conhecido mundialmente por ser a maior planície inundável do planeta, e também por sua biodiversidade em recursos genéticos animais e vegetais, comunidades, ecossistemas e unidades de paisagem.

A pecuária bovina de corte tradicional, implantada há mais de 200 anos na região, tem ocasionado pouco impacto ao sistema, mas está deixando de ser sustentável e competitiva por vários fatores, entre os quais a diminuição da capacidade de suporte causada por espécies invasoras e baixa produtividade de pastagens nativas.

“Devido à complexidade espaço-temporal da dinâmica das paisagens do Pantanal, não há regra única de manejo das pastagens nativas e tão pouco para controle das diferentes invasoras”, afirma a pesquisadora da Embrapa Pantanal, Sandra Aparecida Santos.

Sandra coordena a pesquisa Restauração e manejo das pastagens nativas do Pantanal visando resiliência adaptativa e funcional, que está em andamento pelo Programa de Apoio a Núcleos Emergentes.

“O principal desafio refere-se à tomada de decisão de onde, quando e como efetuar o manejo ou restauração e recuperação das pastagens nativas, referente ao controle e limpeza das invasoras, vedação, capacidade de suporte, ressemeadura, entre outras práticas que sejam sustentáveis econômica e ambientalmente”, explica.

Outra decisão importante é definir quais espécies forrageiras nativas e exóticas deverão ser utilizadas no plantio ou revegetação nas áreas que perderam a resiliência, ou seja, a capacidade de recuperação natural. Estas tomadas de decisão também devem ser definidas para suplementação alimentar de pastagens nativas visando contribuir com o melhor desempenho da produtividade da pecuária.

O objetivo da pesquisa é definir práticas de recuperação e manejo sustentável de pastagens nativas e desenvolver sistemas de tomada de decisão que leve em consideração os tipos de pastagens nativas, a dinamicidade temporal e a variação espacial dos ecossistemas do Pantanal, de modo que o manejo de cada unidade de paisagem seja personalizado.

Modelos de estado e transição das principais tipos de paisagens nativas estão sendo elaborados em conjunto com experimentos de recuperação de pastagens para o desenvolvimento de sistemas ou aplicativos de tomadas de decisão. Aliado a este sistema serão gerados a publicação de um manual de boas práticas de manejo para recuperação de pastagens nativas e também um guia de manejo/identificação das pastagens nativas.

Experimentos estão sendo realizados nas pastagens nativas localizadas em diferentes altimetrias (áreas altas e livres de inundação; áreas sazonais com inundação até seis meses e áreas úmidas,inundadas até 9-12 meses). As pastagens localizadas nas áreas úmidas são as de melhor qualidade seguida das áreas sazonais e não inundáveis. As áreas não inundáveis, arenosas e pobres do Pantanal possuem poucas espécies forrageiras de interesse para manejo, destacando-se principalmente a grama-do-cerrado (Mesosetum chaseae) e a grama-tio-pedro (Paspalum oteroi). As demais forrageiras, em geral, são pouco produtivas ou de baixa qualidade. Estas áreas apresentam ainda baixa capacidade de suporte ou normalmente são substituídas por espécies exóticas. Durante períodos de cheia estas áreas podem ser superpastejadas e degradadas. Resultados preliminares do experimento para recuperação de pastagens dessas áreas pobres, arenosas e livres de inundação,utilizando duas das espécies forrageiras nativas (M. chaseae e P. oteroi) e as exóticas (Brachiaria humidicola) e Paspalum regneliimostraram que a gramínea nativa Paspalum oteroi teve a melhor resposta em termos de cobertura do solo seguida da grama-do-cerrado e da Brachiaria humidicola cultivar Tupi.

Com relação aos tratamentos, observou-se que Paspalum oteroi teve melhor resposta à adubação foliar em relação as demais espécies. A espécie Paspalum regnelii não foi apropriada para estas áreas pobres, arenosas e livres de inundação e foi testada em áreas úmidas.

Muitas destas práticas de manejo estão sendo validadas numa invernada degradada, na qual foram adotadas várias tecnologias conforme o estado de conservação e a posição no gradiente topográfico. Com relação à recuperação de áreas úmidas e sazonais ou substituição de pastagens de baixa qualidade, como o domínio de capim rabo-de-burro (Andropogon bicornis) foram testadas o plantio de P. regnelii que se mostrou adequado e adaptado a estes solos com maior teor de matéria orgânica. Porém, durante o plantio que ocorre no início da fase chuvosa (novembro) houve estiagem e posteriormente ocorreu chuva em excesso e as plântulas não se estabeleceram.

Portanto, recomenda-se que estas áreas sejam manejadas de forma adequada para que as espécies nativas de alta qualidade dominem e que não haja necessidade de intervenção. Dependendo do banco de sementes existente, estas áreas podem ser dominadas por espécies invasoras como o capim navalha (Scleria sp.).

Nas áreas úmidas com a presença de forrageiras nativas chaves de alta qualidade, geralmente espécies de ciclo C3, como o capim-de-capivara (Hymenachne amplexicaulis), capim arroz (Luziola subintegra), grameiro (Leersia hexandra), grama-do-carandazal (Steinchisma laxum) pode ser feito enriquecimento por meio de ressemeadura e também com a vedação durante a época da inflorescência destas espécies. Ou seja, nas áreas úmidas recomenda-se manejo por meio de diferimento e enriquecimento por semeadura de espécies chaves.

“Os estudos deste projeto vão gerar várias alternativas de recuperação de pastagens para as áreas livres de inundação e também para as áreas sazonais e úmidas. Com a elaboração de um sistema de tomada de decisão o produtor terá condições de escolher a melhor alternativa de manejo”, finaliza Sandra.

(Com informações do Notícias MS)

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