RÁDIOS
Três Lagoas, 25 de abril

Professores reconhecidos mundialmente discutem em Londres educação e tecnologia

Outros debates que ocorreram durante o evento são de professores classificados entre os dez finalistas do prêmio do ano passado

Por Redação
27/01/2017 • 11h00
Compartilhar

A professora palestina Hanan Al Hroub, vencedora do Global Teacher Prize 2016, considerado o Prêmio Nobel da Educação, foi a última a se apresentar em um dos painéis do British Educational Training and Technology (BETT) Show. Já no fim do dia, Hanan dispensou o microfone e o palco, usado pelos demais conferencistas. A exposição tornou-se uma conversa. A professora sentou-se em uma mesa redonda com 15 participantes, a maioria, professores e diretores de escolas. Ao lado, um rapaz traduzia sua fala. A maior parte da audiência não a entendia, com exceção de um casal que estava na mesa e que fazia as perguntas em árabe. Mesmo assim, Hanan fazia questão de olhar nos olhos de cada um à medida que falava.

"Antes de qualquer coisa, os estudantes precisam se sentir bem-vindos, amados. Eles devem ser integrados e não isolados", afirmou. "Eu não começo com regras ou julgamentos. Eu sempre digo que são bons nisso, criativos naquilo e aponto no que precisam melhorar. Digo que vamos fazer isso juntos". A fala de Hanan não é supreendente para quem passou por um curso de licenciatura. Colocar essas ideias em prática, no entanto, foi o que conferiu a ela o Global Teacher Prize.

Hanan cresceu em um campo de refugiados na Palestina. Tornou-se professora depois de os filhos terem presenciado uma cena de violência quando voltavam da escola. Em uma região de conflito, ela dá prioridade a não violência e ao uso da brincadeira para aprender. "O primeiro mês de aula das crianças é de adaptação. Temos menos conteúdos e mais jogos, danças, esportes. Aprender tem que ser prazeroso, o elemento do divertimento deve estar presente", disse.

JPNEWS: BANNER RCN NOTICIAS PATROCINADO ATUALIZADO 27.03.2024
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A professora participou do BETT Show, que ocorre em Londres. A programação começou quarta-feira (25) e vai até o dia 28. Trata-se de um dos grandes eventos mundiais de educação e tecnologia, onde diversas empresas e educadores se reúnem para discutir temas ligados ao setor e apresentar as tendências de mercado. O encontro conta também com a participação de políticos e ministros da Educação de diversos países.

FINALISTA

Também participaram de outros debates que ocorreram durante o evento professores classificados entre os dez finalistas do prêmio do ano passado. O divertimento, citado por Hanan, é também comum às praticas do professor japonês Kazuya Takahashi. "Os japoneses adoram testes, acham que assim provam a sabedoria que têm. O que fazemos com nossos projetos é diferente. Acredito que as escolas têm que ser como um playground, os estudantes têm que gostar de ir à escola", defendeu.

No início da apresentação, Takahashi procurou na internet por escolas japonesas. As imagens era todas de locais extremamente organizados, limpos, com paredes brancas e carteiras enfileiradas. Logo em seguida, mostrou uma imagem da escola onde leciona. Paredes cheias de posters, de cartolinas com desenhos das crianças e salas de aula com carteiras dispostas em círculo.

"Se eu peço a um aluno japonês qualquer para desenvolver um projeto, ele vai me perguntar as regras, ele quer que eu dê o caminho para que execute. Com os nossos alunos, buscamos desenvolver a criatividade. Queremos que sejam criativos e que sejam livres. Basta dar algum tempo para eles, que resolvem os desafios que são propostos de forma criativa", disse.

A realidade de Maarit Rossi é diferente da de Takahashi. Professora finlandesa, ela leciona no país considerado modelo em educação. Lá, os testes não são tão importantes e os estudantes são avaliados ao longo do ano letivo pelas diversas capacidades que desenvolvem. Maarit ensina matemática de forma prática e incentiva projetos que os alunos possam ver no dia a dia o resultado do que estudam. "Temos que tomar conta das nossas crianças, ser professora hoje é construir um pedaço do mundo".

TECNOLOGIA

Em um mundo em constante mudança, Maarit defende que as tecnologias não podem ocupar o lugar da socialização. "Os estudantes são diferentes e precisam de jeitos diferentes de aprender. As crianças são sociais, gostam de vir para a escola por causa de outros estudantes. Temos que usar métodos que incentivem isso. As tecnologias são um caminho, mas não o único", afirmou.

Perguntada sobre o uso de tecnologia, Hanan disse que se sente um peixe fora d'água em um evento como o BETT Show, por não usar nenhuma tecnologia de última geração. "Eu acho que a tecnologia tem um papel importante no ensino. Por exemplo na minha classe eu tenho um projetor e tenho um laptop que tive que comprar com o meu dinheiro para que os estudantes tivessem acesso a algumas imagens necessárias ao aprendizado". Para ela, a tecnologia tem o seu lugar, seu propósito e seu tempo.

Estudantes têm que ter as ferramentas para usar a tecnologia, mas não para ficar estacionados, têm que usar para se conectar, para participar".

Depois da conversa, um dos participantes mostrou a ela um site que disponibiliza conteúdo para refugiados, ainda em construção. Hanan prontamente lhe deu um cartão. "Vamos conversar", disse. (Agência Brasil)

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.

Mais de JPNews Três Lagoas