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Três Lagoas, 25 de abril

Água usada por índios no MS pode ter sido contaminada

Os índios temem que o produto usado seja tóxico e que a contaminação das águas tenha sido proposital

Por Redação
20/11/2012 • 08h55
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O escritório da Funai em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, encaminhou ontem, 19, ofício para a Polícia Ambiental do estado e para o Instituto de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul para que seja providenciada coleta e análise da água do córrego YPo-i, principal fonte de abastecimento da comunidade guarani-caiová em Paranhos. Na última quinta-feira, 15, representantes da comunidade encaminharam à Funai um vídeo mostrando o córrego tomado por uma espuma branca. Os índios suspeitam que as águas possam ter sido contaminadas propositalmente por substâncias químicas, para inviabilizar a permanência deles na área.

Segundo Juliana Melo Vieira, chefe do serviço de gestão ambiental da Funai, integrantes da Força Nacional foram até a área para verificar o ocorrido e os próprios índios coletaram amostra da água para análise.
 
"Eles coletaram a água, mas é preciso que a coleta e a análise sejam feitas por um órgão ambiental para que possamos tomar qualquer atitude legal. Nossa maior preocupação é saber se os índios podem ou não usar a água do córrego", disse Juliana, acrescentando que, desde então, os índios passaram a buscar água numa mina na região.
 
"Se não tivessem encontrado a mina teríamos de fazer licitação de emergência para comprar água", afirmou Juliana.
 
Segundo a denúncia, a espuma branca surgiu no córrego na quarta-feira, 14, e tomou conta do córrego por dois dias. Os índios dizem ter visto dois tambores grandes na fazenda e que, ao se aproximarem para fotografar, seguranças teriam atirado para cima.
 
Os índios temem que o produto usado seja tóxico e que a contaminação das águas tenha sido proposital.
 
A comunidade YPo-i ocupou a terra, parte da Fazenda São Luiz, em 2010. A decisão sobre posse está na Justiça. O pedido de reintegração de posse e saída dos índios foi suspenso pela Justiça e foi dado prazo até abril de 2013 para que seja feita a demarcação das terras reivindicadas pelos índios. A Justiça aceitou os argumentos do Ministério Público Federal, de que a Constituição define que o direito dos índios às suas terras de ocupação tradicional é anterior ao direito de propriedade, sendo que os títulos das áreas incidentes sobre terras indígenas é nulo.
 
Desde 2009, dois professores e um indígena foram assassinados no local. Denunciados pelo Ministério Público Federal, fazendeiros da região respondem na Justiça por homicídio qualificado – sem possibilidade de defesa da vítima -, ocultação dos cadáveres, disparo de arma de fogo e lesão corporal contra idoso - pela morte dos professores Jenivaldo e Rolindo Vera. O corpo de Jenivaldo foi encontrado uma semana depois do confronto de jagunços com indígenas com perfuração de arma de grosso calibre frontal no peito e nas costas. O corpo de Rolindo não foi encontrado. Expulsos em 2009, os índios retornaram a área, que fica na reserva legal da fazenda, em 2010.

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