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Três Lagoas, 19 de abril

Denúncia sobre radioterapia do HU vira inquérito 6 anos depois

"Quantas pessoas já morreram?", questiona médico que fez denúncia à Polícia Federal sobre desmonte do setor

Por Redação
22/02/2013 • 10h58
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“Em seis anos quantas pessoas já morreram por falta de assistência e quantas foram maltratadas pela falta de tratamento do câncer?”, questiona o médico Ronaldo de Souza Costa. Ele denunciou em 2007 para a PF (Polícia Federal) a suspensão do tratamento de câncer no Hospital Universitário da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). A denúncia agora virou um inquérito civil do MPF (Ministério Público Federal) para apurar o descredenciamento da oncologia do Hospital em 2005.

Segundo a procuradora Joana Barreiro Batista, serão apuradas denúncias de improbidade por parte da direção do Hospital. De acordo com a investigação da PF repassadas para o Ministério Público, o hospital foi descredenciado, contrariando o interesse público, para beneficiar o coordenador do serviço de oncologia, Adalberto Abraão Siufi. Na época, o Siufi era diretor do Hospital do Câncer, sócio da clínica Neoclin e coordenador do serviço de oncologia da Santa Casa.

“O que nós vemos é a concentração do serviço de oncologia em uma empresa privada e o desmonte das instituições públicas”, disse Ronaldo.

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Ronaldo questiona o repasse ao setor privado, porque segundo ele, o tratamento de câncer exige uma série de especialidades e profissionais. “Você precisa de especialistas em estômago, especialistas em cirurgia, laboratório de histopatologia. É difícil o setor privado atender toda essa rede, todo esse complexo”, comentou.

O médico critica a falta da presença do tratamento de câncer, de forma completa, no interior do Estado. Três Lagoas, Dourados e Corumbá precisam ter o serviço implantado de forma plena, com o protocolo exigido para o tratamento, com quimioterapia, cirurgia e radioterapia.

“O paciente não pode andar 300 km para fazer uma radioterapia em Campo Grande, os gestores públicos têm de ter consciência”, ressaltou. Mesmo na Capital, o tratamento está espalhado em diferentes hospitais, com o HU sem oncologia e o HR (Hospital Regional) com quimioterapia. Sem este protocolo completo, há risco para o paciente.

Segundo estimativa do Inca (Instituto Nacional do Câncer), este ano 9.370 pessoas devem ser diagnosticadas com câncer. Destas, 3,6 mil somente em Campo Grande.

“Precisamos aumentar em 5 aparelhos de radioterapia para atender a vazão da população nos próximos 20 anos”, comentou o médico responsável pelas denúncias. Utilizando a estimativa do Inca, nos próximos anos serão descobertos novos 187.400 casos de câncer no Estado.

Ainda conforme a procuradora Joana Barreira Batista outro inquérito deve ser instaurado para apurar improbidade sobre a prestação deficiente dos serviços de hemodinânica, que embora tenha sido comprado o aparelho, encontrava-se fora de uso na época do levantamento.

O médico Adalberto Siufi disse que foi o responsável pelo ensino da disciplina de oncologia no curso de medicina da Universidade Federal e que a decisão de fechamento do setor não foi dele. Ele conta que quando foram criados o Hospital do Câncer o  HR os acadêmicos passaram a atuar nas duas unidades.

Com o passar o tempo, segundo ele, houve remanejamento da rede de oncológica, baseado em uma decisão do Ministério da Saúde e em seguida o tratamento do câncer foi transferido para os dois novos hospitais.

"Eu fui convidado para atuar no Hospital do Câncer e em momento algum a minha função aqui atrapalhou lá. Vou mostrar no processo que não tenho nada com isso", comentou Siufi.

O oncologista explica ainda que clínica citada no processo foi construída com recursos do FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste). "Montamos uma clínica que é referência no Estado em tratamento de câncer. Você tem problema porque trouxe um benefício",disse.

Siufi fez críticas ao processo, já que não foi ouvido até o momento pelo MPF, e disse que vai se defender das acusações na Justiça.

O Campo Grande News entrou em contato com a UFMS, mas a instituição de ensino ainda não se manifestou. Já no HR ninguém foi localizado para comentar a denúncia sobre o aparelho de hemodinâmica.

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