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Paranaíba, 26 de abril

Kelly foi estuprada, asfixiada e estrangulada pelas leis do Brasil

Ministério Público de Minas Gerais conclui que a jovem sofreu estupro antes de ser assassinada por homem que responde por oito crimes, mas recebeu benefício de "saidinha" de presídio

Por Redação
21/11/2017 • 21h11
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O Ministério Público de Minas Gerais denunciou à Justiça, nesta segunda-feria (21), Jonathan Pereira Prado, de 33 anos, por latrocínio, estupro, ocultação de cadáver e fraude processual no caso da morte da radiologista Kelly Cadamuro, de 22 anos, morta no início de novembro após combinar uma carona em um grupo do aplicativo WhatsApp, de São José do Rio Preto (SP), onde morava, para o município de Itapagipe (MG).

O corpo de Kelly foi encontrado em Minas Gerais, em um córrego entre Itapagipe e Frutal, no dia 2 de novembro, sem a calça e com a cabeça mergulhada na água. Exames apontaram que a jovem morreu por asfixia e estrangulamento. Jonathan, seu assassino, que já responde por oito crimes: furto, roubo, estelionato, extorsão, ameaça, lesão corporal, apropriação e uso de moeda falsa, não retornou ao presídio após uma “saidinha temporária”, segundo a Polícia Civil de Rio Preto. Ou seja, se as famigeradas "saidinhas" de presídio não existissem Kelly estaria viva, provavelmente já com planos para as festas de natal entre familiares e amigos.
 
Que país é este que diz a um criminoso "Hey! Vá dar uma passeadinha lá fora, ver seus amigos, seus familiares, beber um pouco, aproveitar alguns dias e depois volte para a cadeia."? Como pode um sujeito condenado, na forma legítima da lei, sair da prisão para passear com permissão do Estado, entrar na vida de uma jovem que se dividia entre trabalho e estudo, estuprá-la, matá-la e destruir sua família?
 
Como é possível Suzane Louise Von Richthofen, que assassinou os próprios pais, sair da prisão para passar o Dia das Mães em liberdade? Como pode Anna Carolina Jatobá, condenada pela morte da enteada Isabella Nardoni, jogando-a do alto de um prédio, receber benefício de “saidinha temporária” de Dia das Crianças?

O que há com este país? O que há com este ordenamento jurídico? Quem o fez? Quem o analisa? Quem o atualiza? Onde vivem? O que há com o eleitor - cidadão - que continua a eleger parlamentares que, protegidos por seguranças e carros blindados, criam e aprovam estes tipos de leis, se o primeiro a ser "devorado" na "cadeia alimentar" dos criminosos será este mesmo cidadão?

Estas são perguntas que nos causam angústia; só não maiores que a angústia dos familiares de Kelly neste e nos próximos natais. De agora em diante, todas as vezes em que os pais de Kelly passarem próximo ao presídio de onde Jonathan Prado saiu, com permissão do Estado, para matar sua filha, eles vão se lembrar que, se as leis deste país não fossem uma piada, Jonathan, preso, nunca teria conhecido Kelly, e a filha deles estaria viva. Para eles, este é o primeiro de muitos natais sem Kelly. Para Jonathan, que desfrutará de outras "saidinhas", assassinar Kelly foi só mais um crime em sua longa lista.

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