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Três Lagoas, 18 de abril

Menina acusada de blasfémia só sabe sábado se será libertada ou não

Por Redação
31/08/2012 • 12h00
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Já na quarta-feira o tribunal de primeira instância de Islamabad tinha adiado para hoje a decisão sobre o assunto. Agora, sob aparente pressão dos líderes religiosos, preferiu manter a menor mais dois dias na prisão.


Rimsha Masih, com cerca de 13 anos, sofre da síndrome de Down. Os pais integram uma igreja cristã protestante e a criança terá alegadamente sido encontrada a queimar páginas do Corão. A defesa de Rimsha sustentou-se nos resultados da observação médica que analisou a menina para confirmar os problemas mentais e espera que o relatório ajude a libertar a criança. 

A observação médica, no entanto, foi contestada pelos líderes religiosos muçulmanos que estiveram presentes na audiência e pediram o castigo da menina. E foi perante essa pressão que os juízes decidiram manter a criança presa mais dois dias. A AsiaNews diz que a tensão no tribunal era “palpável” e que aumentam agora os temores pela segurança de Rimsha. 

Para estes líderes, segundo a mesma fonte, está em causa o artigo 295 do Código Penal paquistanês, que prevê a punição das ofensas contra o Corão com prisão perpétua. De acordo com a contestação, a menina não tem menos de 14 anos, o que lhe dá idade legal para ser acusada, e não sofre de perturbações mentais. 

Sábado, diz a AsiaNews, a sessão do tribunal deverá decorrer à porta fechada por razões de segurança. A agência acrescenta que há cada vez mais perigo para a integridade de Rimsha e que “não está colocada de parte a hipótese de que algum elemento fanático ou grupo extremista planeiem matá-la”. 

Fora do tribunal, grupos cristãos e activistas dos direitos humanos manifestaram-se a pedir a libertação da menina. A organização Avaaz lançou uma campanha internacional com esse fim. 

Rimsha não é caso único: desde 2009, Asia Bibi, uma católica paquistanesa, foi presa depois de também acusada de blasfémia. A mulher terá bebido água de um poço enquanto trabalhava no campo, sendo acusada por outras mulheres de conspurcar a água que lhes pertencia. Asia reagiu, invocando a sua fé cristã, o que lhe valeu a acusação de blasfémia e a condenação à morte. A sua história está contada no livro Blasfémia (ed. Alêtheia), um depoimento recolhido pela jornalista francesa Anne-Isabel Tollet publicado há meses em Portugal. 

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