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Três Lagoas, 25 de abril

Televisão egípcia levanta proibição ao uso do véu islâmico

Por Redação
03/09/2012 • 18h00
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 É o levantamento de uma proibição que durou décadas, num país em que a maioria das mulheres usa véu. Na véspera, o ministro da Informação, Salah Abdel-Maksoud, da Irmandade Muçulmana, tinha dito que não via motivos para que o impedimento ao uso do véu islâmico continuasse a existir, numa entrevista a uma estação privada.


“Finalmente a revolução chegou aos media oficiais”, disse Nabil ao Liberdade e Justiça, o jornal da Irmandade Muçulmana. “Agora os padrões não têm nada a ver como o véu, que é uma escolha pessoal, mas com a competência profissional e a inteligência.”

Nas estações televisivas privadas sempre houve jornalistas, apresentadoras e actrizes que cobriam a cabeça. Na pública, as que não abdicavam do lenço sabiam que nunca fariam mais do que o trabalho que se faz atrás das câmaras. A proibição, que existia já antes de Mubarak, nunca foi levantada, nem para as várias jornalistas que venceram processos judiciais contra a estação. Fazia tudo parte da imagem de modernidade que o “velho faraó” queria que o Egipto tivesse no exterior.

Nabil já tinha tentado usar véu, mas impediram-na. Como sempre, como com todas as outras. Depois disso trabalhou durante um ano na Misr 25, a televisão dos “irmãos muçulmanos”, e regressou quando, há um mês, Salah Abdel-Maksoud assumiu a pasta da Informação.

Um responsável da estação televisiva, Mohammed Fathi, disse à Associated Press que Nabil encorajará muitas outras mulheres a fazerem o mesmo sem terem medo de perder o emprego como tinham até aqui.

O que aconteceu no domingo foi o cumprimento de uma exigência de há muito de activistas dos direitos humanos e liberais, que argumentavam que o uso do lenço deveria ser uma escolha de cada um. Mas agora que uma pivot da televisão pública conseguiu aparecer de lenço, questionam-se os motivos para o levantamento da proibição.

Mega-reestruturação

O sindicato dos jornalistas, por exemplo, tem acusado o Presidente Mohamed Morsi e o seu governo de quererem fazer dos media estatais seus porta-vozes. Nas últimas semanas, numa grande reestruturação na televisão egípcia, que emprega 40.000 pessoas, foram nomeados 50 novos editores. Os que não são islamistas são aliados políticos dos “irmãos muçulmanos”. Desde aí, vários jornalistas se têm queixado de interferências nos conteúdos a favor dos islamistas moderados que agora governam o Egipto.

“Quero ver os meios de comunicação públicos dizer a verdade e parar de servir quem está no poder. Quem quer que seja a pessoa no poder”, afirmou a escritora Farida el- Shoubashi, ouvida pela Al-Jazira. “Não quero que os media estatais me digam que o Presidente chora enquanto reza. Quero saber como é que o Presidente vai levantar a combalida economia do país.”

Depois da queda de Mubarak já três jornalistas da Nile News, uma estação privada, tinham conseguido permissão para usarem véu em frente às câmaras. E em Julho foi para o ar a Maria TV, uma televisão em que todas as mulheres usam niqab (véu integral). Perguntaram-lhes por que não uma rádio se ninguém lhes vê a cara. Elas responderam que apenas cumprem um direito que até aqui sempre lhes foi negado.

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