RÁDIOS
Três Lagoas, 18 de abril

Um Misto de decepções e incertezas

Com dívidas acumuladas, ações trabalhistas e sem dinheiro, Misto corre para se reerguer e disputar a segunda divisão em 2017

Por Sérgio Colacino
18/02/2017 • 10h43
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No dia 3 de abril de 2016, uma tragédia que parecia anunciada se concretizava. O Misto Esporte Clube era rebaixado para a Série B do Campeonato Sul-mato-grossense de futebol. Depois de uma pré-temporada confusa, parcerias mal explicadas e um time que dentro de campo conseguiu apenas uma vitória em dez jogos, o resultado da campanha no Estadual não chegou a surpreender a torcida. Mas a indefinição que acompanha o único time profissional de futebol em Três Lagoas incomoda. Quase um ano depois do rebaixamento, o Misto tenta se reerguer. O presidente, Jamiro Rodrigues, se afastou do cargo. O clube agora é comandado pelo interino Gerson de Souza e outros vice-presidentes, que assumiram a responsabilidade de comandar a reestruturação. Sem dinheiro, sem patrocínio. Sem jogadores.

O rebaixamento foi traumático. Não só pela carga emocional que uma queda traz para jogadores, torcedores e, por que não, diretores. Cair para a Segundona significou o começo do fim do Misto. Não pelo aspecto esportivo. Ser rebaixado faz parte, sempre alguém vai ter uma campanha pior. Mas a sucessão de erros que colocou o clube no fundo do poço fez o buraco parecer mais fundo do que deveria. Foram duas parcerias – que prometeram o céu e trouxeram o inferno. A primeira, uma utópica proposta de R$ 150 mil reais mensais que nunca foram depositados. Às vésperas do inicio do campeonato, uma nova parceria fez com que cerca de 40 jogadores e dois técnicos trabalhassem na campanha fatídica. O final, todos já sabem. Para piorar, jogadores e funcionários ficaram sem receber. A diretoria dizia que a responsabilidade era dos parceiros. Os parceiros jogavam a culpa na diretoria. Com dívidas, ações trabalhistas e sem perspectiva, o então presidente Jamiro Rodrigues renunciou. O que restou foram onze ações trabalhistas e uma dívida de R$ 30 mil com INSS, fornecedores, entre outros, que se arrasta desde 2010. “Dessas ações, nove já foram derrubadas na justiça. Duas ainda estão tramitando, mas o nosso advogado acredita que não vão dar em nada”, conta Gerson. Segundo a diretoria, os contratos dos jogadores não foram assinados pelo Misto, mas pelas empresas parceiras que contrataram os atletas.

Sem dinheiro em caixa, sem jogadores e sem patrocínio, o futuro do Misto ainda é um mistério. A Série B está prevista para ser disputada em novembro e a estimativa é que o clube precise de cerca de R$ 200 mil reais para montar uma equipe. Na última quarta-feira (15), a diretoria se reuniu com representantes de uma empresa de Marília (SP), interessados em uma parceria. “A proposta é boa, nos interessa. Mas precisamos de dinheiro”, avalia o presidente interino, que lamenta as más escolhas do ano passado. “Nós tínhamos uma proposta muito boa de um investidor português que nos garantiria quase um milhão de reais para a temporada, mas o antigo presidente preferiu acreditar em uma proposta maior e que acabou nunca existindo”.

Segundona

Apesar da situação delicada, o Misto deve disputar a segunda divisão do Estadual. Ainda sem calendário ou adversários definidos, o clube tem até maio para confirmar a inscrição no torneio. “Desde que assumimos, só estamos pagando dívidas. Mas o Misto vai entrar em campo para disputar o campeonato”, confirma Gerson. O empresário Antônio Carlos Teixeira é otimista. “Eu me disponho a ajudar, fazer parte desse projeto. Alguns empresários da cidade já mudaram a forma de ver o Misto com essa troca de diretoria. Podemos arrumar alguns patrocinadores daqui”.

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