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Aonde anda o parafuso

Por Arquivo Pessoal
21/12/2012 • 08h14
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Valdivino dos Santos, baiano de Caculé, chegou em Três Lagoas por volta de 1970, hoje aos 70 anos, aproximadamente, foi residir com sua mãe e irmãos, no bairro Santa Rita, vizinho das Cerâmicas Guerra e Colinos (foto da casa de taboas), desempregado e sem profissão definida, sofria de transtorno esquizofrênico, ao perambular pela cidade, veio a se aportar na Estação Ferroviária que já se encontrava praticamente desativada, mas que oferecia aos desabrigados um ótimo aconchego. Valdivino apesar do problema que a cometia, era uma pessoa passiva e educada que pouco respondia algumas perguntas e não causava empecilho aos remanescentes da ferrovia nem aos transeuntes.

O que chamava a atenção de todos que por ali passavam, o Valdivino ficava em frente a Estação ferroviária junto ao anel de contorno da avenida Rosário Congro, girando em torno de si, as vezes para a direita e as vezes para a esquerda, sem atrapalhar o trânsito.

Valdivino ficava o dia todo debaixo de sol ardente girando sem dizer o motivo e não se importava com gozações e palavrões e sequer pedia nada, nem mesmo comida, comendo apenas quando qualquer alimento lhes ofereciam. Ao escurecer, Valdivino se recolhia dentro da Estação Ferroviária e se agasalhava entre jornais e papelões até ao amanhecer, quando começava tudo de novo. Com seu olhar sisudo e cabisbaixo, não dava atenção a ninguém, atento ao sei movimento frenético. Quando eu então Presidente da Câmara de 1974 a 1976, que funcionava no prédio da Prefeitura, estive com ele sentado no contorno da avenida, perguntei seu nome e de onde era, afirmou que era baiano da cidade de Caculé na Bahia e que se chamava Valdivino dos Santos e que estava ali porque tomava conta da Estação Ferroviária. Por mais de duas décadas o Valdivino ali esteve sendo um folclore a mais em nossa cidade.

O APELIDO PARAFUSO
O VEREADOR Werter de Sá, como sempre em suas tiradas de humor e até carinhosamente, colocou-lhe o apelido de PARAFUSO, por ver o Valdivino girar em torno de si mesmo, semelhante a um parafuso, apelido que se tornou uma marca registrada no folclore de Três Lagoas.

ONDE ANDA O PARAFUSO
Há muito tempo o nosso Parafuso sumiu do lugar, pois já velho e com os pés estropiados, já não mais ali se encontra há muito tempo. Ainda em atividade em sua maratona, consegui fazer as fotos que aqui estão como lembrança do nosso querido baiano e amigo Valdivino dos Santos, conhecido como PARAFUSO.

12 de dezembro de 2012

 

*Marques Neto é ex-vereador de Três Lagoas e ex-prefeito de Brasilândia

 

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