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Enem: sugestões que apresentamos ao INEP

Por Redação
17/08/2012 • 08h22
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 No dia 07 de agosto, na companhia da Presidente da FENEP, fomos recebidos em Brasília pelo Dr. Luiz Cláudio Costa, que  desde 2009 é o 4º presidente do INEP – órgão do MEC responsável por toda a logística do ENEM. Foi uma reunião de interlocução altamente técnica e concluímos enlevados de júbilo e esperança.  Toda a sociedade anseia por um ENEM SEM PROBLEMAS, após as trapalhadas de 2009, 2010 e 2011, por motivos torpes, desonestidade de fraudadores e até onde a vista alcança, por incúria de uma parte dos gestores.

Coordenamos uma equipe multidisciplinar de 11 professores, tendo como premissa básica serem educadores – sem qualquer interesse subjacente que não fosse o de contribuir por uma boa causa. Educadores caldeados na frágua da intensa convivência com alunos de escolas públicas e privadas, ademais vários são mestres, doutores e autores de material didático.O documento apresentado ao INEP possui  38 pág., cujo conteúdo  completo e a relação dos nomes da equipe multidisciplinar estão no site: www.sinepepr.org.br

Quanto às sugestões apresentadas ao INEP, ei-las concisamente:

1) Há excesso de contextualização, o que alonga o enunciado e fica a sensação de um exame demasiadamente extenso. Na área de Ciências Exatas, em especial, há contextualizações forçadas e há demasia de aritmética (continhas), tangenciando apenas conteúdos mais profundos e de raciocínio lógico.

2) As 180 questões objetivas das quatro áreas do conhecimento valem apenas 50%. Na outra metade, reina absoluta a redação (30 linhas). Até hoje, nenhuma explicação para essa obesidade, ou seja, para esse peso excessivo. A sugestão da equipe multidisciplinar é que as quatro provas valham 20% cada uma e também à redação se atribua este valor.

3) O conteúdo programático está genérico demais, merece ser mais bem  especificado e não tão abrangente. A grade curricular deve ser reduzida em 20% a 30%. São penduricalhos desnecessários. Nenhum educador sério pretende fazer com que o aluno do Ensino Médio estude menos, e sim, que empregue honestamente o seu tempo, preparando-se bem para as elevadas exigências futuras.

4) Tem-se como premissa que o tempo é insuficiente: 3 minutos, em média, para a resolução de cada questão. Julgamos que o número de 180 questões está adequado, pois diminuí-las compromete a abrangência e aumentar o tempo da prova levará o candidato à exaustão. A solução é reduzir parte dos enunciados desnecessariamente longuíssimos, e que o MEC assuma e divulgue amplamente que a administração do tempo é uma das habilidades exigidas.

5) Somos favoráveis à consolidação do ENEM e à adoção de um currículo unificado para o ingresso nas universidades. Para este mister, que se contemplem doutores e mestres de nossas universidades, mas também professores do Ensino Médio, que diariamente honram o tablado de nossas salas de aula – os metros quadrados mais nobres da escola.

Ao término da reunião, o presidente do INEP anuiu que é necessário levar mais informações e melhor capacitar os professores das escolas, quando dei o meu depoimento – ao palestrar para 8 escolas públicas de periferia de Curitiba nas quais os alunos estão minimamente instruídos sobre o ENEM, PROUNI, FIES, COTAS, SISU, etc. A verba para a implementação de toda a logística do ENEM/2011 foi robusta, porém se justifica quando se almeja um ENEM SEM PROBLEMAS. Essa verba foi de R$ 372,5 mi para atender 5,3 mi de candidatos inscritos, o que perfaz R$ 70,28 de custo por aluno (similar ao custo dos vestibulares convencionais).

Os erros do passado significaram um doloroso aprendizado. Uma boa expectativa perpassa em todos nós participantes deste encontro, que por ser o primeiro em toda a existência do INEP, já diz muito. A sensação é que o INEP está caminhando na direção certa. Há 5,8 mi de candidatos inscritos para o ENEM/2012, que empunham a chama esplendorosa da esperança num futuro melhor, mas também carregam o fardo da incerteza e da insegurança. Assim, vamos compartilhar das palavras de Manoel Bandeira recorrente nos vestibulares: “Ah, como dói viver quando falta esperança”.

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