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Enquanto a água vai girando as turbinas, vamos sujando os pés e pulando lama

Nossas bandeiras. Leia editorial do Jornal do Povo deste sábado

Por Da redação
19/08/2017 • 13h52
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E novamente estamos sujando os pés. Foi só a chuva cair sobre Três Lagoas para que a população voltasse a enfrentar e reclamar do barro e da lama. Apesar de se destacar positivamente no cenário econômico, nossa cidade amarga atraso na área da infraestrutura. Esse problema histórico tem sido gerador de reclamação coletiva, protestos e manifestações. Falta pavimentação asfáltica em Três Lagoas. E a julgar pela dimensão dos recursos necessários para se realizar esse tipo de obra na cidade, vamos continuar pisando na lama por algum tempo ainda.

Uma cidade para ser grande precisa pensar no futuro, se planejar e antecipar sempre que isso for possível. Apesar dos avanços já obtidos, ainda não entramos na rota das companhias aéreas nacionais justamente pela falta de estrutura aeroportuária. Nosso aeroporto, municipal, opera com limitações. Foi só o tempo virar e a chuva cair sobre a região para que diversos voos que deveriam pousar em Três Lagoas, fossem cancelados. Motivo: não temos um sistema de controle para voos e instrumentos de orientação e comunicação capaz de guiar as aeronaves com segurança até o solo. Se desejamos continuar recebendo investidores, empresários e atraindo industrias, não podemos nos isolar do país a cada virada de tempo.

A julgar pela péssima qualidade da rodovia que liga nossa cidade a capital do Estado, percebemos que, apesar da importância estratégica, das inúmeras transformações econômicas provocadas na Costa Leste nos últimos anos e dos projetos importantes anunciados constantemente para essa região, não temos uma rodovia a altura de nossa importância.

O abandono, a falta de investimentos em manutenção e o grande fluxo de veículos de grande porte estão debilitando o pavimento da BR262. O ir e vir a Campo Grande tem se tornado um desafio cada vez mais perigoso. De quem é a culpa? Poderíamos apontar a falta de representatividade, o desinteresse governamental e até a corrupção que tem corroído os recursos da nação. Encontrar culpados será difícil. Talvez seja mais fácil buscar soluções. Mas aí a pergunta: quem vai levantar a bandeira?

Três Lagoas precisa também parar de celebrar vitórias que não rendem pontos. Incrível como estamos aceitando fatos inaceitáveis de forma tão complacente. Recentemente “ganhamos” o direito de receber pelo ICMS da usina de Jupiá. Mas em verdade essa foi uma vitória que ainda não chegou por aqui. Pelo menos não como se esperava. Milhões de reais são arrecadados mensalmente por causa da geração da energia produzida em nosso solo. Mas, nenhum centavo cai nos cofres da prefeitura. Estamos sendo explorados sem ganhar nada por isso. Isso tudo graças a acordos mal feitos, ações políticas equivocadas e uma imensa falta de mobilização coletiva. Enquanto a água vai girando as turbinas, vamos sujando os pés, pulando lama, vendo os aviões tomando outros rumos e enfrentando uma rodovia perigosa. Temos bandeiras a empunhar. Temos interesses a defender. 

Em 2018 teremos eleições e talvez estejamos vivendo um bom momento para começar a refletir sobre o passado, o presente e o futuro que desejamos. Temos um prefeito e um governador alinhados politicamente. Elegemos uma senadora e contamos com um deputado estadual. Não se pode negar que temos condições de buscar soluções. Não se pode negar que temos representatividade. Assim como não se pode negar que temos urgências. Três Lagoas precisa começar a exigir tratamento digno de uma cidade que tem promovido positivamente não apenas um Estado inteiro, mas contribuído de forma direta na recuperação econômica do país. Queremos e podermos ser grandes mas para isso, temos que começar a pensar, agir e exigir ações governamentais eficientes e dignas da nossa importância.

 

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