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Espírito do Natal

Por Redação
19/12/2008 • 06h30
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O Natal sobrevive forte como um momento de união, fraternidade e solidariedade. Ainda que tentem distorcê-lo e transformá-lo em pretexto para gastos, compras de supérfluo, estímulo ao endividamento pessoal, clima para a vaidade e a ostentação.

Chega a comover a presença de jovens numa mobilização para que as alegrias da festa chegue a lares mais humildes. A prova está nas distribuições de alimentos e brinquedos que ocorrem em todo o país. O momento é dos poucos que ainda têm na união das famílias seu ponto alto. Daí, a movimentação nos aeroportos e estradas com milhões de pessoas se deslocando para o encontro com entes queridos que a vida e o destino os separaram. Isso ocorre no Brasil, como no resto do mundo.

Nesse sentido, a palavra paz ganha força nos pronunciamentos de líderes com responsabilidade no destino do mundo. A Era Cristã, em seus dois mil anos, ainda não atingiu o ideal da paz e vivemos um início de século com problemas gravíssimos – a começar pelo terrorismo, que acaba de enlutar a Índia. Nós sofremos pouco com esta prática, mas são muitas as famílias brasileiras que ainda choram filhos perdidos pela violência desnecessária que nos atingiu nos anos 70, quando, por supostos motivos políticos,   se iniciou os assaltos a bancos, os seqüestros, os atentados a bomba. Nestes, as vítimas eram inocentes bancários, guardas, agentes de segurança, militares estaduais e federais. Mas todo o esforço deve ser feito para que a união dos brasileiros não seja atingida pelos equivocados que estimulam o debate sobre supostas diferenças raciais ou até mesmo religiosas. Somos, e Gilberto Freyre tão bem identificou, um povo multirracial, fraterno e de boa índole. A exaltação da violência e do ódio, embora bem lubrificados, não tem prosperado.

Vamos entrar num ano difícil. Devemos ter uma trégua política, em que são grandes as responsabilidades do governo e da oposição. Não é o momento de se gastar energia com temas que dividem, que separam, que reabrem feridas. Mais do que nunca, avulta, entre nós, a mensagem do cristianismo fraterno no campo espiritual e a lembrança do estadista pacificador Duque de Caxias. Foi ele quem nos garantiu união com paz no decisivo século XIX,  que nos permitiu a unidade  territorial, a liberdade, a dignidade com as vitórias militares e, ao fim, deu cabo da escravidão, em processo lento, mas seguro. Hoje, temos uma posição de solidariedade e amizade com os povos africanos, sem nenhuma cobrança da ignomínia que foi a venda de seus irmãos como escravos, tanto quanto a dos que se aproveitavam da situação e, não raro, agiam com crueldade. A mais, a criminalidade nas estradas era geralmente praticada, com grande violência, por escravos fugidos. Enfim, todos devemos nos unir e esquecer os erros do passado, que não foram nossos, mas de ancestrais que agiram conforme os hábitos da época.

Vivemos um bom momento, em termos de resgate social, distribuição da renda e de progresso, apesar da tempestade econômica e real que nos afeta nos últimos meses. Podemos aproveitar este Natal para fazer de nosso país uma grande, unida e solidária família. Muita coisa está mais na vontade do que nos recursos materiais.

O presidente Lula tem uma imensa responsabilidade por exercer tão forte liderança no país e ter o respeito da sociedade, tendo ficado acima das crises que, em alguns momentos, afetaram gravemente seu governo. E tem sido um pacificador, na medida em que tem procurado conter a violência no campo de inspiração revolucionária, o revanchismo imoral e ilegal dos que querem macular a anistia que nos trouxe de volta a democracia, os movimentos que beiram o ridículo e o absurdo, como “quilombolas”. Temos de ser mais fraternos, mas sérios e mais firmes na defesa do prestígio do Brasil, como nação responsável e que sabe  reagir a agressões, sejam internas ou externas. O Natal é para ser pensado em todos os sentidos de seu significado.


Aristóteles Drummond é jornalista, Administrador de empresas e Relações Públicas

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