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Inovação tecnológica: mais que aprendizado, uma postura

Por Redação
15/01/2009 • 07h34
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Você já notou a diferença de habilidade que há na utilização de computadores, celulares, controles remotos e câmeras digitais, quando se observa um jovem de 20 anos e uma pessoa na faixa dos 60? Em geral, o jovem demonstra facilidade e interesse pelas novas tecnologias, enquanto a pessoa madura demonstra dificuldades no manuseio e rejeição, alegando complexidade e funções desnecessárias.
Desde 1903 se conhece o padrão de disseminação tecnológica dividido em cinco grupos de usuários: inovadores, adeptos iniciais, maioria adiantada, maioria atrasada e retardatários. Os inovadores, que representam 2,5%, são as pessoas mais ousadas ou extremistas, que adoram novas tecnologias, pagam por elas, falam delas e se sentem orgulhosas por serem os precursores.
Os adeptos iniciais (13,5%) são pessoas atualizadas – que gostam e compram novidades tecnológicas – e consideradas líderes e formadoras de opinião. O terceiro grupo, da maioria adiantada (34%), é composto por pessoas que levam mais tempo para utilizar algo novo, observando e seguindo os líderes. Já a maioria atrasada, também com 34%, é formada por pessoas céticas diante da mudança tecnológica, que somente por pressão social ou necessidade econômica aderem à inovação, quando ela se evidencia como efetivamente vantajosa e com custo baixo.
Por fim, os retardatários (16%) são as pessoas mais conservadoras em suas visões e relutam contra transformações nas tecnologias, rejeitando-as. Evidentemente, há diversos fatores que afetam a velocidade com que uma nova tecnologia é disseminada na sociedade, com destaque para a disponibilidade, custos, vantagens na utilização e facilidade de uso.
Inovações tecnológicas surgem diariamente e delas decorrem mudanças comportamentais incondicionais – automáticas ou não. O ensino à distância (EAD), por exemplo: em cursos de graduação e pós-graduação, é ponto de críticas, sobretudo de professores, que alegam que: o contato com o aluno é essencial no processo ensino-aprendizagem; os objetos de ensino são desenvolvidos por técnicos e não por docentes; as instituições possuem recursos limitados de infraestrutura para tal modalidade: e a motivação dos estudantes tende a diminuir no mundo virtual, provocando desinteresse e apatia.
Por outro lado, benefícios gerados pelas novas ferramentas são ignorados, como maior autonomia ao aluno, facilidade de pesquisa, acesso à informação atualizada, uso de simuladores e jogos educativos interativos, e criação de grupos de debates distribuídos pelo mundo, além de maior acesso a cursos superiores no País. Nesse momento, o pensamento binário da exclusividade entre “presencial ou à distância” deve ser banido das mentes, pois é preciso refletir em termos de integração e complementação dos métodos.
Nas próprias empresas, embora os cursos de e-learning possibilitem flexibilidade de horário na sua realização e alcance áreas geográficas distantes, os mesmos são alvos de críticas pelos usuários que preferem os cursos presenciais, sob alegação de maior integração entre as pessoas. Neste caso específico, deve-se expurgar da avaliação as políticas empresariais que fizeram do e-learning um exclusivo redutor de custos de treinamento, em vez de transformá-lo em mais uma ferramenta de capacitação profissional e gestão do conhecimento nas organizações.
Enquanto é debatido se determinada inovação tecnológica pode ser benéfica ou não, se o “antigamente” era melhor que o “atualmente”, e se as ferramentas atuais trazem a tão propagada “escravidão” no cotidiano dos profissionais, as inovações chegam e se impõem rapidamente como realidade. Resta saber como lidar melhor com elas e torná-las fortes aliadas, abandonando as tradicionais posturas refratárias e as lutas improdutivas contra aquilo que se mostra irreversível. E isso independentemente da idade.


Armando Terribili Filho é doutor em Educação pela UNESP, mestre em Administração de Empresas pela FECAP

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