OPINIÃO

 Quatro anos se passaram e até hoje a Secretaria do Meio Ambiente não aprendeu a fazer o manejo ideal para que a lagoa não sofra tanto quanto está sofrendo.

Sempre antes de ser anunciada a temporada de chuvas de verão, eu procuro alertar os órgãos envolvidos diretamente na manutenção da Lagoa Maior a respeito das entradas de águas de chuva e de esgoto, para que não ocorra nenhum desastre de proporções maiores e com isso, tentando amenizar parte dos problemas já existentes.

Infelizmente, desde o ano retrasado, quando foi feita uma limpeza nas caixas de contenção; que, diga-se de passagem foi uma excelente idéia quando usada corretamente, irrigando o lençol freático que é fundamental para a lagoa maior e também por ter a capacidade de reter uma boa parte do material poluente e contaminado, que aumenta assustadoramente na época das chuvas.

Bem, então quando da limpeza das caixas de contenção, para facilitar a limpeza das mesmas e sem a menor preocupação com o meio ambiente natural, a Secretaria do Meio Ambiente simplesmente autorizou a quebra das bocas das lagoas de contenção e agravando mais ainda, quebrou também a boca de contenção do vertedouro de saída da água da lagoa principal e isto pode vir a acumular uma quantidade ainda maior de água contaminada e poluída dentro da mesma.

Esta semana, pedi pessoalmente e encarecidamente ao promotor do Meio Ambiente Dr. Antônio Carlos, para que o mesmo conversasse com o secretário de Obras ou do Meio Ambiente para que fosse agilizado o processo de restauração das bocas de entrada de água poluída e contaminada das caixas de contenção.

Na verdade, essa é a única coisa no momento que nos deixa um pouco mais tranqüilos e esperançosos de que o promotor pedindo aos secretários ou mesmo obrigando-os, porque tem poder para isto, e que os secretários se sensibilizem de que não dá mais para tratar com tanto descaso um meio ambiente frágil que tem tudo para ser maravilhoso, mas que corre o risco até mesmo de desaparecer, que alguma providencia seja tomada com urgência, porque se não passaremos a ter até mesmo um problema de saúde publica.

Não falo nenhum absurdo, porque a pouco mais de 30 anos ela tinha mais de cinco metros de profundidade e hoje não tem mais que 70 cm em média e o que é pior, 30% da superfície da lagoa com menos de 5 cm de lâmina de água.

Aprendi observando a natureza da Lagoa Maior que há uma relação muito simples na mesma que é: quanto mais água limpa (nível máximo), ela responde positivamente com mais peixes, plantas e aves, que é o que dá vida ao local; a partir do momento em que deixarmos como está, com o nível baixíssimo, corremos o risco de que por conta das caixas de contenção terem se tornado simplesmente caixas de passagem, deixarmos com isto penetrar dentro da lagoa principal, uma quantidade tão grande de água suja, que só para limpar o local naturalmente leva-se mais de um ano e que se continuar como está, no ano que vem vai acontecer tudo de novo, e o que é pior, sempre com um agravante por ser acumulativo.

Basta a quantidade de porcarias que já jogamos para dentro da mesma nestes quatro anos.

Então, porque insistir com este manejo tão prejudicial ou será que só eu vejo assim? E aí torno a me perguntar: O que fazer? Acho que passou da hora de ter um disque denúncia meio ambiente para que outras pessoas se manifestem! Só não sei se não vai acabar congestionando as linhas.

Só sei que até hoje o meio ambiente que se cuide, principalmente o natural. Então, peço de coração que as autoridades envolvidas com a lagoa principal tomem uma atitude, sem citar para não estender muito, que vários outros meio ambientes naturais do nosso município não receberam a menor atenção por parte desta administração.

Então, como ambientalista por natureza que sou e por formação técnica por ser técnico em meio ambiente, dito uma receitinha: interagir com o meio ambiente natural para senti-lo, se apaixonar por ele e depois defende-lo é o mínimo que Deus espera de nós.

Manoel Pimenta de Queiroz Neto é Técnico em Meio Ambiente

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