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Lição número 1 da crise: só o trabalho produz riqueza

Por Redação
20/11/2008 • 07h00
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A atual crise financeira global nos trouxe muitos ensinamentos. Um deles foi que a auto-regulação do mercado é um sonho impossível. Outro, que a participação do Estado na economia, em certos momentos, é fundamental. Uma terceira lição da crise foi que o pagamento de bônus milionários aos executivos dos bancos pode levá-los a aceitar riscos exagerados. Assim, eles conseguem turbinar o lucro das instituições em que trabalham e, conseqüentemente, seus próprios ganhos. Mas, para mim, talvez mais que tudo, a grande lição da crise é sobre o valor do trabalho.
Embora muita gente, em particular os operadores de mercado, acredite que é possível ficar rico da noite para o dia, sem qualquer esforço, a crise deixa claro que não há atalhos para a prosperidade. Só o trabalho é capaz de produzir riqueza.  A riqueza construída sem solidez, nos mercados de derivativos ou nos pregões, é apenas uma miragem.  É claro que, no pano verde dos cassinos, sempre é possível ganhar uma bolada. Também é possível ganhar sozinho na loteria.  Mas, fora do jogo das probabilidades, só o trabalho duro, dia após dia, é que nos permite construir um patrimônio sólido.
Pode até ser que, durante algum tempo, seja possível se dar bem com uma tacada ou duas na Bolsa ou no mercado de derivativos (futuros e de opções). Pode ser também que um ou outro investidor consiga incorporar esse ganho ao seu patrimônio para sempre. Mas, na maioria das vezes,  se isso não tiver como base a economia real, o tempo se encarregará de mostrar, como está fazendo agora, a sua inconsistência.
É certo que a Bolsa e os mercados de derivativos são ferramentas indispensáveis na economia de mercado. A Bolsa coloca em contato os investidores e as empresas. Os mercados de derivativos permitem aos investidores se proteger de oscilações indesejadas nos preços.  Tanto a Bolsa quanto os derivativos dependem da figura do especulador, que dá liquidez às operações, para funcionar. E isso faz a economia girar, dá segurança para as empresas e democratiza o capital. O problema é quando a ganância, a crença no lucro fácil e o excesso de confiança nos modelos matemáticos nos fazem acreditar que é possível enriquecer sem suar a camisa. Se alguém já tivesse inventado uma fórmula infalível de conseguir isso, é provável que ela fosse considerada a maior conquista do homem em todos os tempos. Mas, até agora, por mais que muitos operadores acreditem ter descoberto a fórmula mágica, ninguém ainda conseguiu inventar um jeito de prosperar no ócio.

Marcelo Leite

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