Um levantamento feito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) constatou que 455 municípios brasileiros não têm acesso a nenhum médico na rede pública de saúde local. Na Região Norte, 25,7% das cidades estão nessa condição precária. Com uma proporção de 1,15 médico para cada cem mil habitantes, o País está pouco acima do limite mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de um profissional para cada cem mil habitantes. Um dos motivos alegados pelo governo federal para o problema é a falta de disposição dos médicos de se fixar em cidades distantes dos grandes centros, mesmo com algumas ofertas de salário passando de R$ 16 mil. Com isso, 35% dos municípios brasileiros continuam sem atendimento no Programa Saúde da Família (PSF). Isso pode, sim, ser uma das razões, mas certamente a desorganização do sistema público de saúde está inserida nesse contexto alarmante. Entretanto, nestas mesmas cidades mão-de-obra estrangeira poderia ser aproveita. O Ministério da Saúde burocratiza a vinda de profissionais bolivianos, equatorianos, cubanos e pessoas de outras naturalidades a propósito de não haver a regularização do registro médico no Brasil, fora, é claro, o lobby e a pressão exercida pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), junto à classe política. Seria fácil regularizar esta situação. Uma prova bem elaborada e fiscalização junto às universidades que formou tal profissional poderiam qualificar tal mão-de-obra para atuar nestes pequenos centros, onde médicos brasileiros desprezam. Isso tudo não seria garantia de que o profissional esteja apto para a profissão à bem da verdade, mas vale a pena o risco, já que no Brasil obter diploma de medicina ou qualquer uma outra profissão não é nada custoso. Antes o risco de ter um ou outro oportunista do que deixar seres humanos morrendo em porta de hospital por falta de atendimento.
André Geraldo é reporter do Jornal do Povo
