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OPINIÃO

O homem ainda pode ser pior

Por Redação
04/12/2008 • 07h00
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“O homem é lobo do homem” e “Maldito o homem que confia no homem” eram frases muito fortes quando eu era menino. Eu achava que havia um certo exagero, já que pensava só boas coisas sobre o gênero humano.

Cresci, vivi e envelheci mudando esse conceito. Nem falo de Hitler ou dos facínoras que explodiram o World Trade Center em Nova York. Esses são fichinhas perto dos saqueadores de Santa Catarina, homens que rondam a cidade, de barco, para roubar.

O noticiário traz o incrível saque de uma delegacia que guardava alimentos e roupas doadas por todo o Brasil.

Não devemos nos espantar com a notícia. É o ser humano, capaz de coisas bem mais cruéis do que essa.

Há várias leituras, como sempre, nesse episódio de Santa Catarina. Primeiro, por honestidade, quero lembrar que as autoridades, o Prefeito, o Corpo de Bombeiros, a Secretaria de Habitação, o governo federal, todos eles são omissos, são imprevidentes,
pois Santa Catarina já tem um histórico pavoroso de chuvas e desabamentos.

Quando estão construindo casas no morro, no sopé e algumas até incrustadas na montanha, algumas de boa qualidade, mostrando que não é só favelado que mora nos morros, as autoridades estão compactuando com um crime, com mortes anunciadas.

Lá vão os pobres-diabos, erguendo seus barracos ou suas casas em plena montanha. As autoridades vão deixando, permitindo, fazendo de conta que não vêem.

A vítima também é culpada. Está na Bíblia: o que edificou sua casa sobre a rocha, permaneceu de pé. O que edificou na areia (ou nas encostas, digo eu), sofreu as conseqüências do temporal.

O povo que edifica casas e barracos num encosta íngreme sabe que mais dia, menos dia, a chuva virá cobrar seu preço.

Mas, decididamente, é preciso cortar as mãos de saqueadores que se aproveitam de um momento como esse, de dor, de perda, de abandono, para roubar o que sobrou da chuva.

Sim, por isso e por tudo o que foi dito, ainda estamos por ver o que o ser humano é capaz de descer na escala da indignidade.

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