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OPINIÃO

O jogo da politização

Por Pedro Camargo Neto
17/03/2018 • 07h29
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Como vários observadores da cena política nacional já notaram em outras ocasiões, o Brasil é, de longe, o país onde a implementação das teorias do marxista Antonio Gramsci – que advogava a tomada do poder pela esquerda não pela força, mas sim pela hegemonia cultural – encontra-se em estágio mais avançado.

O aparelhamento começou nas escolas e nas universidades, onde o ensino de História era quase sempre ministrado, desde a década de 50, à luz da ótica marxista. Essa tendência se acelerou nos primeiros anos da década de 1960 e prosseguiu durante o regime militar. Os militares, positivistas por formação, acreditavam que a principal ameaça à ordem democrática, à época, consistia na ação dos grupos terroristas armados, e não deram a devida atenção ao processo de doutrinação que, àquela altura, ainda se encontrava em estágio relativamente embrionário. Mas já era nítida a predominância da doutrina marxista e de indivíduos identificados com a esquerda em geral, na mídia e na Igreja Católica, para além de escolas e universidades. Durante todo esse período, principalmente a partir de meados da década de 70, a formação dos professores primários e secundários no país sofreria ainda forte influência do socialista Paulo Freire.

Findo o regime militar e o governo de transição de José Sarney, o período democrático que se seguiu – exceção feita aos governos de Fernando Collor (1990-1992) e, em alguma medida, de Itamar Franco (1992-1993) – caracterizou-se, a partir de 1994, por uma sucessão de governos de esquerda.

Lula criou inúmeras universidades federais, que foram aparelhadas por concursos sob encomenda.

A ótica marxista se caracteriza pela tentativa de racionalização de toda a dinâmica da sociedade através do conflito entre uma classe dominante, ou opressora, e uma classe (ou classes) dominada(s), ou oprimida(s).

Neste sentido, ao longo da história do Brasil, o papel da classe dominante, nessa alegoria marxista, foi sucessivamente representado primeiro pelos senhores de engenho; depois, pela nobreza imperial e pela burguesia; e, na forma moderna, simplesmente pelo homem branco heterossexual, eleito como a bola da vez de todo o conjunto de valores que o marxismo sempre se propôs a destruir. Já a classe dominada, que inicialmente era representada principalmente pelos escravos, passou a ser representada, ao longo dos séculos 19 e 20, pelos trabalhadores; e, mais recentemente, por diversas “minorias” – afrodescendentes, homossexuais, indígenas, transexuais e até grupos que nem constituem minorias propriamente ditas, como as mulheres.

O modus operandi é aquele mesmo que sempre foi característico da esquerda: um pequeno subgrupo ruidoso, disposto a praticar o exercício da vitimização, apropria-se indevidamente da “causa” dos grupos alegadamente oprimidos – não obstante a maior parte dos indivíduos destes grupos comungar dos valores essenciais às modernas democracias ocidentais com economia de mercado, como liberdade de expressão, meritocracia e direito à propriedade.

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