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O sobrevivente, a crise e os perigos

Por Redação
18/12/2008 • 06h00
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Conversando com um psicólogo, amigo de longa data e leitor voraz de política, ele fazia uma análise sobre o comportamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante da crise econômica internacional, que já atingiu o Brasil e pode nos jogar na recessão, curta, muito possivelmente, no início do próximo ano. Diz ele: Lula é um sobrevivente. Saiu do interior de Pernambuco, veio para São Paulo, virou metalúrgico, sindalista, líder sindical e chegou à Presidência. Retrato de quem passou boa parte da vida enfrentando dificuldades. E, para chegar onde chegou, aprendeu a enfrentá-las, não se acostumando a simplesmente conviver com elas. Conclui meu amigo: Lula está mostrando que não deseja ficar apenas administrando a atual crise até que ela acabe, quer enfrentá-la e tentar vencê-la.
Concordo. E o governo tem demonstrado realmente ter incorporado a filosofia presidencial. Se vai dar certo ou errado, é outra história, poderemos conferir mais à frente, daqui a um ano, no máximo. Pelo menos o governo não tem assistido passivamente à crise tomando conta do país. O risco, nesse movimento, é exagerar na dose e dar passos mais largos do que as pernas brasileiras. E deixar de tomar outras medidas, como contrapartida. Exemplo: se vai na direção correta em cortar impostos a fim de estimular o consumo, Lula deveria ter determinando que fossem divulgadas simultaneamente medidas de contenção de gastos em outras áreas. É sabido, por todos, que o funcionalismo público ganhou elevados aumentos salariais recentemente, que serão pagos no próximo ano. Em tempo de bonança essa farra salarial já não seria recomendável. Em período de crise, então, nem se fala. Que tal o governo dar uma freada nesses aumentos, como sugeriu o empresário Jorge Gerdau Johannpeter? Seria um bela contribuição ao país, de uma categoria que em relação às demais país afora tem uma situação privilegiada. Nada mais justo.
O risco, nesse caso, é o lado político presidencial falar mais alto e ele evitar desagradar aqueles que fazem parte de sua base eleitoral. A conferir.
Esperança
O Banco Central não reduziu a taxa de juros em dezembro, na última reunião do Copom em 2008. Frustrou o Palácio do Planalto. Agora, a esperança palaciana é que a turma do Copom compense em janeiro, fazendo uma redução substancial na taxa de juros. Quem sabe 0,75 ponto percentual, jogando os juros para 13% ao ano. Daqui um mês a gente descobre.

 

Valdo Cruz é repórter especial

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