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Que míssil que nada, te pego no sapato

Por Redação
20/12/2008 • 06h00
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De um momento para o outro um par de calçados saiu do anonimato para entrar para história. Estimulado por uma idéia na mente e dois sapatos nos pés, o repórter Muntadar al-Zaidi lançou seu ataque, errando por poucos centímetros a cabeça de um dos maiores cabeçudos de nosso tempo. Foi um pequeno passo (tentando pegar impulso) para o atirador, mas um grande furo de reportagem exposto para humanidade. Pena que as demais pessoas presentes ao evento não tiveram a empolgação e a coragem necessárias para arriscar (em todos os sentidos) quem tinha a melhor pontaria.
Bush parecia um personagem do filme Matrix, desviando dos sapatos voadores com uma agilidade inversamente proporcional a sua inteligência. Embora tenha atirado os sapatos, podemos pressupor que o atentado somente viria a realmente acontecer a partir do momento em que o repórter conseguisse arremessar as próprias meias, mas foi impedido pelos seguranças.
Ao que tudo indica a sociedade protetora dos animais deve entrar com um processo contra o autor do atentado, alegando que chamar Bush de cachorro é considerado uma ofensa inadmissível aos pobres cães, que não mereciam este tipo de comparação.
Muitos já estão cogitando a abertura de cursos preparatórios para arremessos de sapatos, evitando assim o desperdício de oportunidades em ações como esta. De qualquer modo, a mira do repórter foi muito mais precisa do que a dos mísseis de ultima geração disparados nos ataques feitos pelos Estados Unidos.
Como medidas de segurança, além de não poder entrar armado, ninguém mais poderá comparecer calcado aos discursos de atual presidente americano. Por esse motivo, talvez as próximas tentativas devam acontecer por meio de arremessos de dentaduras ou próteses de qualquer tipo.
Podemos utilizar este ato de desagravo para fazer uma de analogia sobre os abusos praticados pelos EUA, frutos de uma política que até então sempre primou por pisar nos demais paises deste orbe azul, limpando seus pés de super potência com soberba prepotência em qualquer solo alheio. Uma administração deplorável, que demonstrou acreditar que poderia usar qualquer outra pátria como um mero capacho aos seus caprichos de nação soberana.
A assessoria de imprensa de Bush diz que ele levou a coisa na esportiva, apesar dos sapatos serem sociais. Infelizmente, as notícias que correm pelo mundo falam sobre tortura, espancamento e isolamento do jornalista. (Mas... O que aconteceria se o jornalista tivesse jogado os sapatos no ditador Saddam Hussein, enquanto ele ainda estava no poder daquele País?).
Enfim, sempre considero que devemos procurar unir o útil ao agradável, por isso acho que o melhor seria aproveitar aquele momento para jogar camisas de força no presidente americano, algo que serviria como uma luva para expressar a indignação geral e fechar com chave de ouro a gestão desse indivíduo que confundiu loucura com ousadia, tornando-se um calo doloroso para toda humanidade.


Antônio Brás Constante é escritor

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