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Que tal um 2013 mais sustentável?

Por Redação
11/01/2013 • 15h48
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O ano de 2012 acabou há poucos dias, mas em questões de sustentabilidade, deveríamos ter dado o ano por encerrado em 22 de agosto, quando tudo o que consumimos até então o planeta ainda tinha condições de renovar. De lá até o dia 31 de dezembro o tudo que utilizamos de água, alimentos e biodiversidade não poderá mais ser recuperado. 

O dado é do Global Footprint Network e é um importante alerta para quem planeja o futuro. O mundo dispõe de um estoque de recursos renováveis e a cada ano, esse estoque diminui em razão de não conseguirmos conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação do planeta. Para comportar nossos padrões de consumo, o planeta tinha que ser 56% maior, ou a população 36% menor, e assim, manter equilibrado o consumo com a renovação.
 
Do jeito que estamos, ano a ano nosso estoque de sustentabilidade ambiental está se reduzindo a taxas aceleradas e diminuindo nossa capacidade de recompor a pegada ecológica. Difícil falar sobre sustentabilidade nesse contexto, mas vamos lá!
 
Esse é um dado global, que agrega as médias de consumo versus biocapacidade. Nos EUA, o consumo é o mais agressivo de todos. Para comportar o padrão americano de consumo, seria necessário termos 4.16 planetas trabalhando para renovar a biocapacidade.
 
No Brasil, se olharmos nossa pegada versus nossa biocapacidade, nota-se que consumimos 30% da capacidade de renovação dos nossos recursos naturais, ou seja, bastante abaixo da capacidade de renovação, o que nos concede uma poupança de sustentabilidade, já que ano após ano, permitimos que os recursos sejam renovados.
 
Essa constatação coloca o Brasil na vanguarda da sustentabilidade. Claro que há muito por fazer, nosso consumo de recursos naturais cresce a cada ano e temos que cuidar para que não passemos dos limites. Temos, ao contrário de maioria das outras nações, condição de planejar nosso crescimento sustentável. Está aí uma excelente promessa para 2013: colocar isso na pauta da vida pessoal e corporativa cotidianamente.
 
O Brasil é, definitivamente um bom exemplo de sustentabilidade ambiental, mas não há sustentabilidade parcial ou segregada e os dados acima não consideram importação e exportação na metodologia de estimação. O mundo tem que agir em conjunto para pensar em sustentabilidade global e nós temos um papel fundamental nesse cenário. Temos a condição de mostrar que é possível ajudar a quebrar alguns paradigmas que tanto atrapalham o desenvolvimento sustentável.
 
A nossa filosofia de entendimento das coisas é pautada na divisão para aprofundamento e conhecimento. Por exemplo, se vamos estudar o céu, o dividimos em constelações, galáxias, sistemas planetários, etc... Quando vamos à escola, temos diferentes aulas, como português, matemática, geografia. Sem dúvida esse método é útil, mas não é único e nem pode ser assim entendido. 
 
Quando trata-se de sustentabilidade, há que se observar tudo de forma integrada e ainda não estamos preparados pra isso. Ainda acreditamos que o excesso de interferência sobre a natureza se resolve com mais interferência ainda sem medir os riscos a que isso nos leva. Naturalmente, ninguém pode entender de tudo, então, deveríamos ter diversos agentes especialistas trabalhando em conjunto para entender como as questões de desenvolvimento econômico, social e ambiental (esse é o tripé da sustentabilidade) podem interagir em prol da sustentabilidade.
 
Em suma, se queremos ser sustentáveis (e não vejo outro caminho), temos que fomentar o diálogo e a visão compartilhada dos problemas a se resolver. Já estamos avançando nas questões climáticas em termos científicos e de diálogo político e essa agenda tem que permear todos os outros aspectos da organização global. Dado o nível tecnológico de comunicação que o mundo dispõe, trata-se apenas de querer aprofundar. 

 
 
Que tal em 2013 nos engajarmos nas questões mais amplas? Sairmos da nossa zona de conforto e atuarmos em conjunto para o bem maior? Que tal se conseguíssemos reverter a tendência de super consumo e termos como meta comemorar o ano novo em setembro em 2013, outubro em 2014, novembro em 2015 e dezembro em 2016? Cabe a cada um dos 7 bilhões de habitantes dar sua contribuição.

*Felipe Bottini é economista

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