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Sempre nas mãos do eleitor

Políticos parecem gostar de fazer grande cobrança de responsabilidade na hora do voto

Por Redação
06/08/2016 • 09h44
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Não demorou para surgir, na recém-iniciada campanha eleitoral de Três Lagoas, o apelo mais comum de responsabilidade do eleitor na hora de escolher em quem votar. Foi na convenção que homologou a chapa Jorge Martinho/Fabrício Venturoli, no meio da semana. E quem encontrou a pérola foi o representante de um partido aliado à dupla, no calor de um discurso. 

Não há nada mais evidente ou redundante que dizer que é das mãos do eleitor de onde saem as decisões - boas ou más, certas ou erradas. É o eleitor quem dá o poder aos políticos e aos partidos.

Embora seja uma pérola e um chavão repetitivo, desgastado, não é de todo ruim porque é mesmo bom alertar o eleitor de sua responsabilidade; lembrá-lo de que entrega o poder sobre si e sua comunidade geralmente a estranhos - quando não a aventureiros ou bandidos. 

Contudo, sozinho o lembrete é fraco, incompleto e suscita até falta de criatividade ou do que falar ao eleitor. Cobrar responsabilidade de quem vota é fácil, como dizer que é crime comprar ou vender voto. Porém, quando cobra, o político deve se lembrar de que ele é o cobrado e responsável por não decepcionar o eleitor e cumprir promessas. 

Certamente nas convenções em que foram homologados os nomes de Ângelo Guerreiro/Paulo Salomão, Idevaldo/Kellyane e de Paulo Leite/Kleber Saraiva outras frases de efeito como esta devem ter sido cunhadas, igualmente no calor de discursos semelhantes. 

É comum políticos cobrarem o eleitor do que deve fazer na hora de votar. Mas, sem se esquecer que também poderão ser cobrados, lembrados do que disseram em seus programas de rádio e televisão, em panfletos etc, e até responsabilizados. Porém, parece que esta parte passa meio pela via do esquecimento. 

É preciso lembrar, contudo, que o eleitor não é mais aquele brasileiro de memória curta que, de uma eleição para outra, se esquecia de tudo, das promessas, das falácias e artimanhas criadas para a conquista de cargos.

Hoje não é difícil recordar de exemplos de promessas que não passaram do papel. A tecnologia favorece a memória do brasileiro, por exemplo, com relação às promessas do ex-presidente Lula de que acabaria com a fome no país e, por conta disso, gastou horrores em propaganda de seu governo. Em comida também, mas nunca acabar com a fome. Dilma prometeu, prometeu, prometeu em suas duas campanhas como se fosse possível redescobrir o país. Não conseguiu sequer entrar nos dois dígitos dos percentuais do que cumpriu. Isso é fato.

Há um outro exemplo. Um prefeito da cidade paulista de Votuporanga prometeu, em campanha, que uma fábrica de suco de maçã seria instalada na cidade, caso fosse eleito. E foi. O eleitor acreditou. Votuporanga tem calor de 37 a 39 graus em qualquer dia do Verão; no Inverno, nunca menos de 20. Maçãs só se produz em menos de 10 graus o ano inteiro. Resultado.

Na tentativa de se reeleger, o dito cujo foi cobrado publicamente e teve de antecipar a aposentadoria.

Na campanha deste ano, o eleitor nem precisará ser lembrado de que tem de se esforçar para escolher o melhor entre os candidatos e guardar bem as promessas que receber. Ele já sabe disso. O Facebook e outras redes sociais o ajudarão a lembrar tim-tim por tim-tim de tudo o que for dito. Para sempre. Não apenas para eleição seguinte.   ed

 

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