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Três Lagoas na contramão

Leia do editorial da edição deste sábado do Jornal do Povo

Por Valdecir Cremon
21/05/2016 • 09h52
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A vinda de um grupo de 30 empresários de duas cidades economicamente importantes de São Paulo e de Minas Gerais a Três Lagoas, nesta semana, e o anúncio do possível lançamento de empreendimentos demonstra - ou confirma - que Três Lagoas anda na contramão do país. Enquanto nos mais de 5,5 mil municípios brasileiros o pessimismo afeta em cheio investimentos e o lançamento de projetos, a cidade respira a geração de empregos e desenvolvimento.

A vinda de empresários de Ribeirão Preto (SP) e de Ipatinga (MG) confirma a tese do primeiro parágrafo deste editorial. Ribeirão é uma das poucas cidades paulistas que desfruta de crescimento mesmo em tempos de crise. A cidade é conhecida por seu potencial econômico e polo de empresas que fugiram da capital em busca de mais tranquilidade quanto à violência e da possibilidade de produzir a custos menores. Da mesma forma, Ipatinga é uma das cidades mineiras com maior índice de crescimento populacional e econômico da última década. A população da cidade deu um salto de 220 mil para 257 mil moradores entre 2010 e o ano passado. O orçamento da prefeitura ipatinguense para este ano e de R$ 784 milhões - 12% acima do executado  no ano anterior.

A atração de empresários das duas cidades a Três Lagoas não representa uma tentativa de alavancar investimentos para a cidade. É mais que isso. O trabalho inclui, ainda ou principalmente, a difusão do potencial econômico de Três Lagoas, na formação de uma corrente positiva que levará o nome da cidade para o núcleo dos interesses de investidores ligados de alguma maneira a estes empresários.

O estabelecimento da cadeia produtiva de papel e celulose elimina praticamente todas as incertezas para investimentos na cidade. O que resta ainda com sinalização de interrogação, claro, é a parte do governo nos negócios. 

Declarações de empresários que visitaram as fábricas da cidade, entre quarta e quinta-feiras desta semana deixaram claro que há interesse em investir em Três Lagoas. E os que não declararam, certamente hão de incluir o nome da cidade no mesmo grupo onde estão Ribeirão Preto e Ipatinga. 

Como dado comparativo, somente conseguir somar empresários ribeirão-pretanos na caravana que esteve na cidade já pode ser considerada uma conquista. Lá onde possuem negócios, estes mesmos empresários desfrutam de amplo apoio do poder público, têm mão de obra qualificada e à disposição e estão em uma cidade absolutamente estruturada em todos os sentidos. A prefeitura da cidade de 590 mil habitantes terá, neste ano, orçamento de R$ 2,6 bilhões.

Tirar empresários de lá ou de Ipatinga é tarefa que poucos municípios brasileiros poderiam executar, neste momento. Três Lagoas está num pequeno grupo que tem potencial para isso e inúmeras oportunidades de negócio. 

Outro fator que coloca Três Lagoas na contramão de quase todo o resto do país é a perspectiva de investimentos que carecem de parceria com o governo estatal, precisamente na questão de benefícios fiscais. Há uma sólida relação entre lideranças empresarias da cidade com autoridades de Campo Grande para apoio a empresários que pretendam se instalar em Três Lagoas.

Nesta edição, o Jornal do Povo traz notícia exclusiva sobre o andamento de um projeto de investimentos em dois segmentos do setor industrial: de bebidas e calçados em Três Lagoas. Em Paranaíba e Aparecida do Taboado há projetos consolidados para novas empresas, como reflexos de situações semelhantes às de Três Lagoas.

O desafio para os próximos prefeitos das três cidades será manter estas relações e aproveitar as oportunidades porque, afinal, nenhum investidor lançará projetos se não confiar ou ao menos conhecer os próximos governantes.

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